quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Endometriose

Endometriose


INFORMATIVO PARA PACIENTES

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O que é endometriose?

Para entender o que é endometriose é necessário primeiro saber o que é endométrio.
Endométrio é o tecido normal que reveste o útero internamente. Cresce e descama todo mês. Inicia seu crescimento logo após a menstruação e se descama na próxima. A cada ciclo menstrual esta rotina se repete. É sobre ele que os bebês se implantam. Se a mulher engravidar ele permanece durante a gestação, caso contrário será eliminado no sangue menstrual. Esse revestimento, muitas vezes, e por razões não totalmente esclarecidas, pode se implantar em outros órgãos: nos ovários, tubas, intestinos, bexiga, peritônio e, até mesmo, no próprio útero, dentro do músculo. Quando isso acontece, dá-se o nome de Endometriose (se estiver inserido na musculatura do útero tem o nome de Adenomiose), ou seja, endométrio fora do seu local habitual. O número cada vez maior de casos diagnosticados e a seriedade dos sintomas da doença vêm preocupando autoridades de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Estima-se que 10 a 14% das mulheres, em sua fase reprodutiva (19 a 44 anos) e 25 a 50% das mulheres inférteis estejam acometidas por esta doença. Acredita-se que, no Brasil, existam de 3,5 a 5 milhões de mulheres com endometriose. Estes dados são suficientes para que se perceba a dimensão e importância deste diagnóstico.
Em 1921, Dr. Sampson do Hospital John Hopkins, nos Estados Unidos, demonstrou a sua teoria para explicar a endometriose baseada no refluxo sangüíneo menstrual que, ao invés de sair totalmente do útero junto com a menstruação, faria o caminho inverso, voltando para as trompas em direção ao abdômen. Com base nesta hipótese, muitos médicos tratavam a endometriose com a retirada do útero e dos ovários, pois, desta maneira, não existiriam os hormônios nem o endométrio menstrual responsáveis pela doença. Com o passar dos anos descobriu-se que, muitas das pacientes que se submetiam a essas intervenções radicais, continuavam com os mesmos sintomas dolorosos. Nos últimos anos foram feitas algumas observações que colocam esta teoria em questão.
Estas observações incentivaram a busca para novos conceitos que têm levado a um diagnóstico mais preciso e um tratamento mais eficaz.

TIPOS E CLASSIFICAÇÃO

A endometriose é uma doença enigmática e tem merecido classificações que procuram identificar a localização das lesões, o grau de comprometimento dos órgãos e a severidade da doença. Embora grande parte das clínicas utilize a classificação da American Fertility Society que divide a doença em mínima, leve, moderada e severa, recentes avanços na pesquisa da doença recomendam uma nova classificação em três diferentes tipos: superficial ou peritoneal, ovariana e infiltrativa profunda.
Todos os três têm o nome de endometriose, mas são consideradas doenças diferentes, pois não possuem a mesma origem e por isto recebem tratamentos diferenciados. Esta divisão tem facilitado o tratamento e a cura, e mostra a importância do médico especialista em conhecer cada um dos detalhes que envolvem a doença, conseguindo-se assim separar o “joio do trigo”.

Endometriose superficial ou peritoneal

São lesões espalhadas na superfície do interior do abdômen. Podem estar disseminadas atingindo até mesmo o diafragma. Embora sejam superficiais, geralmente estão localizadas sobre órgãos nobres como no intestino, bexiga e ureter e, por isto os cuidados cirúrgicos devem ser bem observados para que se evitem complicações. Os sintomas mais comuns são: cólica, menstruação irregular e infertilidade. O exame clínico não apresenta alterações importantes, o ultra-som não demonstra imagens características e os marcadores que podem sugerir a presença da doença, dosados no sangue (CA125 e SAA) podem ou não estar alterados. O diagnóstico conclusivo e o tratamento é feito pela videolaparoscopia.

Endometriose

Endometriose ovariana

A origem provável é de um implante superficial que atinge a face externa do ovário, provoca uma retração para o interior do mesmo e forma cistos. O tamanho dos cistos é variável e causa alterações da anatomia destes órgãos. O diagnóstico é fácil, feito pelo ultra-som. O tratamento quase sempre é cirúrgico por videolaparoscopia. O rigor da técnica cirúrgica utilizada é fundamental para que se evite o prejuízo da reserva ovariana, caso contrário, junto com o tecido do cisto, poderá ser retirado também tecido ovariano com óvulos de boa qualidade podendo levar até à falência ovariana precoce. O cisto pode estar associado a endometriose de outros órgãos formando aderências. Há situações em que a paciente não tem sintomas e o diagnóstico pode ocorrer em um exame ginecológico de rotina. A indicação cirúrgica vai depender do tamanho do cisto entre outras variáveis.

VÍDEOS

Estes filmes foram editados em tempo reduzido e referem-se às principais etapas de cirurgias para o tratamento da endometriose . As intervenções foram realizadas pela equipe IPGO e estão sendo apresentadas em 3 vídeos sobre os diferentes tipos da doença: endometriose profunda, ovariana e peritoneal (ou superficial). Todas com objetivo de curar e preservar a fertilidade.
Vídeos:
Para assistir o vídeo de Endometriose Profunda Clique aqui
Para assistir o vídeo de Endometriose Ovariana Clique aqui

Endometriose infiltrativa profunda

É a que apresenta sintomatologia mais agressiva comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida das pacientes. Pode interferir na fertilidade mesmo quando são usadas as técnicas de Reprodução Assistida. Os implantes alcançam uma profundidade superior a 0,5 cm e envolvem outros órgãos como os ligamentos útero-sacros (que sustentam o útero), bexiga, ureteres, septo reto-vaginal (espaço entre reto, o útero e a vagina) e intestino. Nestes últimos, formam nódulos que atingem o reto, sigmóide, órgãos genitais, vagina e algumas vezes o intestino grosso e íleo (veja figura). A origem mais provável é a metaplasia (significa a transformação de um tecido embrionário em outro diferente).

Diagnóstico

O diagnóstico da endometriose infiltrativa e profunda deve ser suspeitado inicialmente pela queixa clínica. As queixas mais comuns são: a dor profunda e desconfortável na relação sexual, cólicas intensas e, principalmente, as queixas intestinais. Entre estas últimas estão: o inchaço abdominal permanente, a dor, e a dificuldade na evacuação e algumas vezes sangramento pelo reto na época da menstruação.
O médico que examina deve perceber no exame ginecológico de toque vaginal e retal nodulações na região posterior do útero, espessamentos e principalmente dor durante o exame desta região. Caso a doença esteja localizada no intestino em uma região superior, o profissional pode não perceber, mas os exames complementares associados ao histórico clínico da paciente, ajudarão a esclarecer o diagnóstico. Da mesma forma que os outros tipos de endometriose, os exames laboratoriais de sangue chamados de “marcadores” devem ser dosados nos três primeiros dias da menstruação e, embora não garantam o diagnóstico nem a extensão da doença podem ajudar a nortear a pesquisa.
Exames de imagens são fundamentais. Entre eles o ultra-som endovaginal, que deve ser realizado por um profissional experiente. É um ótimo exame pela sua precisão e facilidade. Infelizmente existem poucos médicos com experiência para um diagnóstico preciso. Esta avaliação deve ser precedida por um preparo intestinal que esvazia (“limpa”) o intestino, elimina as fezes ajudando a visibilizar as imagens. Quando este exame for insuficiente para a conclusão diagnóstica, recomenda-se a Ressonância Magnética Pélvica e a Ecocolonoscopia. Este último é um exame mais complexo que exige a sedação da paciente, mas ajuda a localizar melhor as lesões e a profundidade delas nos órgãos atingidos. A colonoscopia é mais simples e tem o objetivo de avaliar as lesões que penetram para o interior do intestino.

Tratamento Cirúrgico

O tratamento da endometriose profunda é sempre cirúrgico. Feito por videolaparoscopia, é extremamente complexo e exige médicos qualificados e experientes neste tipo de intervenção. Deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar que tenha pelo menos um ginecologista e um cirurgião geral especializados em cirurgia pélvica e com conhecimento da abrangência e envolvimento da doença com os outros órgãos. O planejamento da cirurgia deve ser feito com antecedência para que a paciente saiba das possíveis implicações, como a possibilidade de ressecção de uma parte do intestino (retosigmoidectomia), caso haja um comprometimento de várias camadas deste órgão, além de eventuais complicações. Tanto a paciente como a equipe devem estar prontos para estas possibilidades. O preparo intestinal pré-operatório é obrigatório para que a intervenção possa ser feita com tranqüilidade.

INFERTILIDADE X ENDOMETRIOSE

A associação da endometriose com a fertilidade tem sido alvo de discussão há muitos anos. Os debates em torno das proporções que esta doença afeta a capacidade da mulher em ter filhos têm causado, por muitas vezes, um “vai e vem” nas condutas e tratamentos médicos. Todos os tipos e graus de endometriose podem influenciar a fertilidade, entretanto, freqüentemente o diagnóstico não é tão evidente e fica como última opção na pesquisa, entre outras causas de infertilidade. Esta demora na iniciativa da pesquisa da doença, pode ser causada pela superficialidade dos sintomas, inconsistência das queixas clínicas e falta de evidências laboratoriais dos exames de sangue e ultra-som endovaginal. Somente após passar um certo período, onde foram realizados tratamentos sem sucesso, é indicada a videolaparoscopia, que conclui o diagnóstico. A espera por este esclarecimento atrasa a concepção e prolonga o sofrimento do casal.

A endometriose causa infertilidade pelos seguintes efeitos:

  • Influencia os hormônios no processo de ovulação, e na a implantação do embrião.
  • Altera também os hormônios prolactina e as prostaglandinas que agem negativamente na fertilidade.
  • Prejudica a liberação do óvulo dos ovários em direção às trompas.
  • Interfere no transporte do óvulo pela trompa, tanto pela alteração inflamatória causada pela doença, como por aderências (as trompas “grudam” em outros órgãos e não conseguem se movimentar).
  • Alterações imunológicas – alterações celulares responsáveis pela imunologia do organismo (células NK, macrófagos, interleucinas, etc.).
  • Receptividade endometrial. O endométrio, tecido situado no interior da cavidade uterina, local onde o embrião se implanta, sofre a ação de substâncias produzidas pela endometriose (ILH e LIF -leukemia innibitory factor) que atrapalham a implantação do embrião.
  • Alterações no desenvolvimento da gestação. Pode interferir no desenvolvimento embrionário e aumentar a taxa de abortamento.
Observação:
O tratamento pela Reprodução Assistida (fertilização in vitro) pode evitar a ação da maioria destes mecanismos que atrapalham a fertilização e, por isto, esta pode ser uma ótima saída para a resolução do problema. Entretanto, mesmo com estas técnicas, a endometriose pode diminuir as chances de resultados positivos e ser necessário o tratamento cirúrgico por videolaoaroscopia.

A ENDOMETRIOSE TEM CURA?

Esta é uma pergunta que as pacientes fazem com freqüência, e talvez o maior motivo desta dúvida seja o número grande de mulheres que realizam tratamentos e cirurgias repetidas para este problema.
É impossível afirmar que uma intervenção cirúrgica será definitiva para acabar com a doença, mas o que temos observado é que muitas pacientes fazem tratamentos cirúrgicos insuficientes para extingui-la definitivamente. Talvez, muitas das intervenções sejam incompletas devido ao alto grau de complexidade e riscos de complicações. Por isso, alguns cirurgiões preocupados com estes riscos limitam o grau de invasão do procedimento e acabam não retirando a totalidade da doença dos órgãos afetados.
As cirurgias mais modernas envolvem detalhes de conhecimento anatômico importantes e têm conseguido um alto índice de cura definitiva e a restauração da fertilidade.

TRATAMENTO CLÍNICO COM MEDICAMENTOS

Podem ser indicados após o tratamento cirúrgico mas somente em casos especiais. O tratamento clínico com antiinflamatórios e pílulas anticoncepcionais antes da intervenção ajudam amenizar a dor, mas não curam a doença. O tratamento hormonal com objetivo de suspender a menstruação provocando uma menopausa temporária, após a cirurgia, tem demonstrado vantagens em casos isolados e por isto não deve ser receitado como rotina, entretanto, caso seja indicado, a duração não deve ser superior a três meses. O tratamento clínico isolado, sem cirurgia, não tem valor curativo.
Uma boa alternativa após a cirurgia, se a paciente não quiser engravidar no momento, são as pílulas de uso contínuo, os implantes hormonais e Levonorgestrel ou Etonogestrel (Mirena e Implanon) que suspendem a menstruação e restringem uma eventual evolução da doença e drogas que proíbem algumas ações hormonais.

TERAPIAS COMPLEMENTARES

Tem o objetivo de estimular o sistema imunológico através de suplementos alimentares como o flaxseed (semente de linhaça), óleos de prímula e de peixe além de antioxidantes poderosos como o Pycnogenol. As vitaminas C e E são também bastante eficazes.
As ervas chinesas como Cinnamon Twig (extrato de canela) e Poria Pill (Gui Zhi Fu Ling Wan), usadas historicamente na China para o tratamento de hemorragias na gestação, têm demonstrado ajudar a melhorar os sintomas da endometriose.
A acupuntura pode ser também uma boa alternativa.

CONCLUSÃO

Cada tipo de endometriose tem identidade própria cuja origem difere uma da outra e por isto cada uma merece um tratamento cirúrgico especializado, envolvendo muitos profissionais médicos de várias especialidades. A não observância dos critérios de diagnóstico utilizando-se exames inadequados e profissionais inexperientes, poderá levar a cirurgias incompletas e a persistência da doença.
PREVENÇÃO, PRESERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DA FERTILIDADE
Embora a endometriose não possa ser prevenida, algumas medidas podem minimizar o futuro evolutivo da doença, como:

Diagnóstico Precoce

A hereditariedade da endometriose já é conhecida há algum tempo. Calcula-se que, nestes casos, a incidência pode estar em até 6% nos parentes de primeiro grau e por isto a doença já deve ser suspeitada quando estas mulheres tiverem sintomas, ainda que discretos (cólica, irregularidade menstrual, etc.). Nesta oportunidade, os exames necessários devem ser feitos para elucidação diagnóstica. Quanto mais precoce for a intervenção curativa, maior a chance de evitar as possíveis complicações como a distorção anatômica causada pela doença, entre as outras já comentadas. O pouco conhecimento que a mulher tem sobre a endometriose faz com que muitas delas acreditem ser normal ter cólica menstrual intensa e não procurem um médico. Porém, mesmo quando o fazem, o diagnóstico demora a ser estabelecido. Em geral o tempo entre os sintomas iniciais até o diagnóstico pode alcançar até 10 anos ou mais.

Alimentação, meio ambiente e hábitos

A alimentação é importante para evitar várias doenças do corpo humano. O sistema imunológico também influencia diretamente no desenvolvimento das mesmas, podendo prejudicar principalmente as pessoas que moram em grandes cidades com alto grau de poluição atmosférica. A dioxina, por exemplo, é uma substância tóxica proveniente da combustão de produtos orgânicos e está presente no ar que respiramos e em alguns alimentos que ingerimos. Trabalhos científicos demonstram sua possível interferência no desenvolvimento da endometriose. Estes fatores em conjunto podem piorar a evolução da doença e por isto, uma dieta balanceada e um estilo de vida adequado ajudam a prevenir o surgimento ou o agravamento deste problema de saúde. A endometriose é uma doença da mulher moderna por estar relacionada com ansiedade, estresse e depressão, proveniente de uma exaustiva jornada de trabalho dentro e fora de casa.
Um hábito intestinal normal e regular é imprescindível. A paciente que não evacua regularmente, tem retenção de material fecal e aumento de toxinas e muitas delas deprimem o sistema imunológico. Alimentos ricos em cereais e fibras ajudam a melhorar o ritmo intestinal. A base da alimentação deve ser a dieta macrobiótica, sem laticínios, trigo e produtos animais. Embora as carnes contenham proteínas que podem ser um importante combustível imunológico, algumas delas contêm hormônios femininos, como o estrogênio, o que pode estimular ainda mais o desenvolvimento da endometriose. A dieta deve ser balanceada dando-se preferência por vegetais sem agrotóxicos, pois estes prejudicam a imunidade. Os exercícios físicos devem ser incentivados.
O peso em excesso deve ser evitado, pois a obesidade além de ajudar a piorar as dores pélvicas, faz com que o acúmulo de gordura aumente a produção de hormônios femininos (estrogênio), que agravam a doença.
Restauração da fertilidade – cirurgias
As cirurgias radicais para a cura da endometriose podem ser eficazes sem a retirada do útero ou ovários. As intervenções devem ser bem indicadas e podem ser realizadas com técnicas conservadoras sem prejudicar o futuro reprodutivo da mulher ou, muitas vezes, restaurando a anatomia do aparelho reprodutor quando ele estiver deformado pela doença. Pelos detalhes e pela complexidade que envolve este tipo de intervenção, o tempo de duração do procedimento cirúrgico pode ser longo, podendo se estender até seis horas dependendo da quantidade de camadas de tecidos e órgãos envolvidos.

DST’s: infecções “silenciosas” que afetam a fertilidade

DST’s: infecções “silenciosas” que afetam a fertilidade

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DST’s – Doenças Sexualmente Transmissíveis, é um grupo de doenças infecciosas transmitidas principalmente através de relações sexuais que podem acometer o corpo humano nas regiões genital, anal, oral e ocular, mas, em alguns casos, podem também se estender para outros órgãos. Afetam tanto as mulheres quanto os homens. São responsáveis por 25% das causas de infertilidade: 15% para as mulheres e 10% para os homens. Geralmente podem ser prevenidas e controladas através de métodos contraceptivos de barreira (preservativo e camisinha feminina, associados a espermicidas) e orientações educacionais que ajudam a modificar os comportamentos de risco como, por exemplo, evitar muitos parceiros sexuais, bem como o uso de drogas e relacionamento com parceiros que usam drogas ou que tenham outras pessoas com quem se relacionam sexualmente. Na maioria das vezes, as complicações podem ser evitadas pela detecção precoce da doença, logo que houver suspeita de contaminação.
O grupo das DSTs inclui as infecções por Clamídia, Gonorréia, HPV (Human Papiloma Vírus), Hepatite B, Herpes Genital, Sífilis, Cancro mole ou cancróide, Donovanose, Linfogranuloma venéreo e Tricomoníase além do HIV(AIDS). Entre elas, as que comprometem mais diretamente o sistema reprodutivo estão a Clamídia e a Gonorréia que, principalmente nas mulheres, podem passar despercebidas. As outras como o HPV (Human Papiloma Vírus), Hepatite B, Herpes e Sífilis, não causam diretamente a infertilidade, mas podem prejudicá-la pelos efeitos colaterais indesejáveis dos tratamentos. Como exemplo importante observa-se o HPV, que pode levar a alterações cancerosas no colo do útero implicando numa cirurgia que retira parte deste órgão (conização).
De acordo com a CDC (Centers for Disease Control and Prevention), nos Estados Unidos, mais de um milhão de mulheres por ano tem DIP (Doença Inflamatória Pélvica) e 100 mil delas terão problemas de fertilidade. DIP é uma complicação grave que, além dos riscos habituais de qualquer infecção, causa alterações anatômicas que distorcem a anatomia dos órgãos reprodutores, as quais, muitas vezes, são impossíveis de serem corrigidas. Esta complicação pode causar, na mulher, obstrução tubária e aderências, isto é, as tubas (trompas) grudam em outros órgãos, como intestino ou no próprio útero, perdem a mobilidade e impedem que os óvulos e espermatozóides se movimentem no seu interior, dificultando o encontro entre os dois. A gravidez tubária (gravidez fora do útero) pode ser também causada por este dano. O tratamento é realizado com antibióticos, podendo, em casos mais graves, ser necessário internação, cirurgia e até UTI. O CDC também informa que 70% das mulheres e 50% dos homens infectados por Clamídia, não tem sintomas e 40% destas infecções quando não tratadas levam a DIP. Segundo Robert Stamb da Sociedade de Biologia Reprodutiva de Atlanta – Estados Unidos, a DIP causa infertilidade em 15% das mulheres quando ocorre o primeiro episódio de infecção. Se houver o segundo, causa em 35% e no terceiro causa em 75% delas.Nove por cento das pacientes que tiveram DIP, deverão ter gravidez tubária.
Algumas pessoas, quando contraem uma destas doenças, têm sintomas evidentes, se tratam e ficam curadas. Entretanto, outras podem ser assintomáticas, isto é, o indivíduo contrai a doença, mas não apresenta nenhum sintoma e, por isso, não procura um médico, nem se trata e ainda contamina outras pessoas. São as chamadas “infecções silenciosas” consideradas um agravante do processo infeccioso por permitir que a doença evolua para formas mais graves além de poder contaminar outros(as) parceiros(as), se os cuidados preventivos não forem tomados. Calcula-se que sejam diagnosticados 20 milhões de casos por ano no mundo inteiro, mas devem existir muito mais pela falta de diagnóstico decorrente destas “infecções silenciosas”. Acredita-se que até 50% da população poderá adquirir uma destas infecções, até os 35 anos.
É importante que as mulheres tenham consciência destes riscos. Muitas delas, ao se casar, desconhecem estes antecedentes do marido, contraem a doença e só vão dar conta que estão contaminadas quando tiverem dificuldades de engravidar e os exames revelarem a doença. Por isso, se houver algum indício ou histórico de DST’s nos seus parceiros, estas mulheres deverão fazer a pesquisa destas doenças em um primeiro sinal de dificuldade de gestação ou até mesmo já nos exames pré-nupciais.
É importante que os homens também tenham consciência disso, pois os seus sintomas podem ser ainda mais “silenciosos” e passar anos sem este diagnóstico. Quando os sintomas aparecem, freqüentemente são: a uretrite (ardor ao urinar), prostatite (infecção da próstata) e a epididimite (infecção no epidídimo – local situado entre os testículos e a uretra, onde ocorre a maturação dos espermatozóides). Estas alterações podem prejudicar a qualidade do sêmen.

AS PRINCIPAIS DOENÇAS HPV (Human Papiloma VÍRUS)

Também é conhecida como “crista de galo”, “verruga genital” e “jacaré”. É causada por um grupo de vírus, HPV-DNA, com mais de 100 subtipos. Nesta doença, os subtipos 6, 11 e 42 determinam lesões papilares que confluem e formam massas de verrugas com o aspecto de couve-flor. Estas lesões ocorrem principalmente na vulva, vagina, períneo e colo do útero, podendo também aparecer no ânus e no reto.
Na maioria das vezes as lesões são inaparentes, sem nenhuma manifestação detectada pelo paciente. Outros subtipos podem ainda acometer as mãos e os pés.
A transmissão quase sempre é por contato sexual íntimo e mesmo sem a penetração, o vírus pode ser transmitido. O parto vaginal também pode ser outra via de transmissão, da mãe para o recém-nascido, e por isso, neste caso, é indicada a cesariana. É raro, mas pode ocorrer a transmissão pelo uso comum de toalhas e roupas íntimas em banheiros e saunas.
Como existem lesões muitas vezes impossíveis de serem visualizadas, o diagnóstico é feito inicialmente pelo Papanicolaou e pela colposcopia (exame que verifica o colo uterino com uma lente de aumento). Com a confirmação, realiza-se outro exame detalhado que definirá o tipo de HPV (captura híbrida). Alguns deles não têm importância para o futuro da saúde do casal, mas outros são oncogênicos, isto é, podem causar câncer médio prazo caso não sejam tratados.
A principal preocupação com HPV é a sua relação com câncer de colo uterino e de vulva, principalmente os vírus 16, 18, 45 e 56.
Para prevenção da doença, é recomendável o uso de camisinha nas relações sexuais, bem como vacinas que podem impedir a doença.
O tratamento tem o objetivo de remover as lesões com quimioterápicos, cauterização, cáusticos locais. Mesmo com o tratamento há chance de recidiva das lesões. Não existe tratamento específico para a erradicação do vírus. Além da avaliação do parceiro, é necessária também a abstinência sexual durante o tratamento.

Gonorréia

Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. A chance de transmissão na relação sexual é de 90%. Também é conhecida pelos nomes de uretrite gonocócica e blenorragia.
A mulher infectada apresenta quantidade grande de corrimento na vagina e na vulva. Precedendo este corrimento pode haver sintomas de prurido e ardência ao urinar. A sintomatologia pode ser branda ou até ausente.
Como conseqüência, pode ocorrer desenvolvimento de doença inflamatória pélvica (DIP), infertilidade, aborto espontâneo, natimorto, bebê com baixo peso ao nascer e parto prematuro. Os recém-nascidos de mães portadoras da doença podem apresentar pneumonia e otite média.

Clamídia

É uma bactéria que infecta os órgãos genitais dos homens e mulheres. Atualmente são diagnosticados no mundo milhões de casos e por isso tem se tornado uma das DST’s mais comuns, e a maioria causadora de infertilidade.
Se uma mulher grávida contrai esta infecção neste período, poderá ter um bebê prematuro, e caso a mãe se infecte durante o parto vaginal, o bebê poderá ter infecção nos olhos (conjuntivite), ou problemas respiratórios. Nas mulheres é conhecida como uma das mais importantes “infecções silenciosas”, porque somente 1 em cada 4 mulheres têm sintomas. Nos homens são mais evidentes, três em cada quatro. Normalmente aparecem em 2 a 4 semanas após contato sexual.

TABELA RESUMIDA PARA O DIAGNÓSTICO DE CLAMÍDIA EM AMBOS OS SEXOS

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TABELA PRESERVE SUA FERTILIDADE + DST

PROTEJA SUA FERTILIDADE

  • Procure limitar sua vida sexual a um número restrito de parceiros e ter certeza que eles(as), durante o período de convivência, também sejam monogâmicos(as) e não tenham doenças sexualmente transmissíveis.
  • Evite o contato sexual com pessoas cujo estado de saúde e prática sexual você não conheça.
  • Evite sexo se um dos parceiros apresentar sinais ou sintomas de infecção genital.
  • Procure sinais de DST’s em seu parceiro (a) – verrugas, secreções, lesões de pele, etc….
  • Não faça sexo sob a influência de álcool ou drogas (exceto em um relacionamento monogâmico em que ambos os parceiros não estejam infectados com alguma doença sexualmente transmissível.)
  • Antes de começar um relacionamento discuta com seu(sua) parceiro(a) a história sexual anterior dele(a). (Lembre-se, no entanto, de que as pessoas nem sempre são honestas sobre as suas vidas sexuais.).
  • Camisinha de látex pode diminuir a transmissão de doenças quando usada correta e cuidadosamente, e para cada ato sexual. Elas não eliminam completamente o risco. Exceto se ambos os parceiros estiverem em um relacionamento monogâmico, tanto homens quanto mulheres devem carregar consigo camisinha de látex, e insistir que esta seja utilizada em suas relações sexuais.
  • O uso de espermicidas (principalmente o que contém nonoxinol-9) pode ajudar a diminuir o risco de contágio de doença sexualmente transmissível, quando associado com a camisinha.
  • Se necessário, use lubrificante a base de água. Não use lubrificante à base de petróleo, como vaselina, pois estes podem danificar a camisinha de látex.
  • Lave os genitais com água e sabão após ter uma relação sexual.
  • Procure um médico se tiver dúvidas, suspeita de infecção ou se souber que seu(sua) parceiro(a) sexual está infectado(a).
  • Se você tem múltiplos parceiros sexuais, visite o ginecologista a cada 6 meses para verificar a presença ou não de doenças sexualmente transmissível, mesmo que você não tenha sintomas. De olho nas DST’s
  • DST’s freqüentemente não tem sintomas.
  • Quando a DST é descoberta no início, alguns tratamentos podem ser simples, com antibióticos, por exemplo. Mas se uma DST permanece oculta, o dano pode ser permanente e alterar ou até ameaçar a vida da pessoa contaminada. É impossível desenvolver imunidade às DST’s e algumas são incuráveis.
  • DST’s não tem nada a ver com limpeza ou aparência. As DST’s não respeitam fronteiras geográficas ou sócio-econômicas.
  • As DST’s podem ser transmitidas por sexo oral, vaginal ou anal. Mesmo que não haja penetração, pode acontecer o contágio

  • SITES SOBRE DST’S

    Coordenação Nacional de DST e Aids / Ministério da Saúde
    www.aids.gov/final/prevencao/dst.htm
    Doenças Sexualmente Transmissíveis
    www.ccerri.com/
    Portal Feminino
    www.portalfeminino.com.br

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Hemodiálise do HC fechada para reforma

Conteúdo extra:Galeria de fotos



O POPULAR (GO)
Pacientes serão encaminhados para outros serviços credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde
O serviço de hemodiálise do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) será temporariamente suspenso para que as instalações sejam reformadas. A unidade atende 102 doentes renais crônicos, que serão encaminhados para outros serviços credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), gestora do sistema de saúde em Goiânia. A data do início da reforma dependerá da transferência dos pacientes para outros serviços. A reforma está orçada em R$ 12 mil e será feita com recursos próprios do hospital.
O trabalho inclui a substituição do reservatório de água, ajuste das bombas elétricas e troca do termostato e do piso do local onde fica o tanque. A desativação provisória do serviço preocupa o representante de Goiás na Federação das Associações de Renais Crônicos e Transplantados do Brasil, Wanderly Mendes de Souza. Segundo ele, o problema está no cumprimento do cronograma de obras.
O diretor-geral do HC, José Abel Ximenes, acredita que a reforma dure cerca de uma semana. Conforme explica, o novo tanque já está no hospital. Para instalá-lo, diz, será preciso derrubar parte de uma parede para a passagem do reservatório. Com a reforma, afirma, espera-se eliminar qualquer risco de contaminação da água, a exemplo do que ocorreu em agosto, quando pelo menos oito pacientes passaram mal após fazer a hemodiálise no local. Segundo o diretor do HC , a água foi contaminada devido a uma falha no automático do tanque, que controla o nível da água, o que já foi resolvido.
Transferência
A diretoria do HC está fazendo contato com o Hospital Geral de Goiânia (HGG), que está montando o serviço de hemodiálise, para saber se a unidade pode receber os pacientes. José Abel Ximenes afirma que já foi feito contato com o secretário estadual de Saúde, Fernando Cupertino, que acredita que o serviço do HGG estará apto a funcionar ainda esta semana.
O diretor-técnico do HGG, Luciano Leão Bernardino da Costa, explica que o hospital adquiriu os insumos e equipamentos necessários para o serviço de hemodiálise, restando apenas solucionar um problema de condutividade aumentada na água. Uma nova análise da água será feita na quinta-feira para verificar a situação.
Hoje, será realizada uma reunião no serviço de hemodiálise do HC para discutir a transferência dos pacientes. O hospital fará um levantamento das vagas de hemodiálise para verificar quais serviços podem atender os pacientes do HC, caso o HGG não possa absorver toda a demanda. A hemodiálise do HC conta com 16 máquinas e três turnos de tratamento.
Wanderly Mendes de Souza afirma que não foi registrado nenhum caso recente de problemas com a hemodiálise do HC, além dos divulgados pela imprensa. O serviço está funcionando normalmente. Ele pondera que a preocupação dos pacientes é com a possibilidade de atraso na reforma que, na sua opinião, não será possível ser finalizada em uma semana. Wanderly também questiona o fato do HC não ter consultado os pacientes sobre a transferência da hemodiálise para outras unidades de saúde. No domingo, a Federação das Associações dos Renais Crônicos em uma reunião no domingo fará uma reunião para discutir a reforma.
Segundo a assessoria de imprensa da SMS, duas clínicas, com capacidade para atender 120 pacientes na hemodiálise, estão sendo credenciadas para o serviço. De acordo com a secretaria, o encaminhamento dos pacientes da hemodiálise do HC será feito pela central de vagas do órgão, que comunicará ao hospital o destino dos pacientes para que estes sejam avisados. A assessoria lembra ainda que, caso a hemodiálise do HGG esteja apta a funcionar, a unidade tem prioridade no recebimento dos pacientes do HC por se tratar de hospital público.

Tragédia da hemodiálise

Era fevereiro de 1996. Explodiam na vida real e no noticiário da mídia os fatos que ficaram conhecidos como "a tragédia da hemodiálise", que deixou mais de 100 pacientes intoxicados em Caruaru, contaminados pela água utilizada em sessões de filtragem de sangue, por efeito da microcistina. Muitos morreram. Houve um conjunto de fatores negativos no caso, em que se misturam negligência, má-fé, despreparo, incompetência, desonestidade, omissão de socorro, entre outros. Depois de algum tempo sob holofotes da imprensa, o caso caiu no esquecimento, deixando os responsáveis pela tragédia tranqüilos.


Para quebrar esse olvido e tentar retomar o estabelecimento de responsabilidades, o Jornal do Commercio iniciou uma série de reportagens, que prosseguem e estão trazendo novamente à discussão fatos, pretensas explicações, omissões. A apuração foi tão negligente e incompetente que, até hoje, ignora-se até o número exato de vítimas fatais e quantos conseguiram escapar à tragédia. Seriam 50, 40 ou apenas 15 os sobreviventes? As autoridades da área de Saúde Pública não sabem informar com exatidão. Nossa repórter Veronica Almeida está levantando dados que esclareçam a respeito.


Como se serviços de saúde constituíssem apenas um negócio, como outro qualquer, e não uma questão vital, o Estado omitiu-se, e não houve indenizações nem condenações. Isso não é aceitável. Os responsáveis pelas clínicas de hemodiálise IDR e Inuc denunciados pelo Ministério Público foram absolvidos pela Justiça em 2002, e podem continuar com seus negócios na área de saúde. O processo ético aberto no Conselho Regional de Medicina contra os médicos Bráulio Coelho e Antônio Bezerra foi arquivado. A única atitude positiva que o poder público tomou, nestes dez anos, foi instalar em Caruaru o Centro Regional de Hemodiálise do Agreste, do Estado, após o fechamento das clínicas responsáveis pelas intoxicações e pelos óbitos.


Fora o atendimento público, os sobreviventes que se conhecem recebem tratamento de máquinas mais modernas de hemodiálise, com água controlada, mas não contam com benefícios garantidos por lei como transporte gratuito para quem mora fora da cidade e também medicamentos de graça. A hemodiálise é um tratamento muito dispendioso e consome muito dinheiro do SUS. Daí que o poder público esteja procurando montar um esquema de prevenção de males renais. Concomitantemente, as autoridades da área de saúde estão exigindo das clínicas especializadas melhor qualidade da água empregada na hemodiálise. Aqui em Pernambuco, a partir de março, a Compesa terá que divulgar, nas contas enviadas aos consumidores de água, dados sobre a qualidade do produto fornecido.


Especialistas que trabalharam, por ocasião da tragédia, para desvendar a causa da intoxicação daqueles doentes renais, em 1996, estão novamente em Pernambuco. Os professores Sandra Neiva e Victorino Spinelli (UFPE), Sandra Azevedo (UFRJ) e Wayne Carmichael (Wrigth State University, EUA) pretendem organizar um estudo dos efeitos da microcistina nas pessoas que sobreviveram à contaminação. Um trabalho muito útil, pois poderá definir se a toxina deixou seqüelas no fígado dos pacientes. O estudo vai acumular conhecimentos que podem fundamentar a prevenção de novos casos no futuro.


Tragédias como a da hemodiálise não deveriam acontecer. E elas não ocorrem somente em países menos desenvolvidos. Na civilizada França aconteceu um rumoroso caso de contaminação por Aids, através de transfusão de sangue. A diferença, em relação à tragédia ocorrida em Caruaru há dez anos, é que lá os responsáveis foram julgados e punidos, e rolaram cabeças na administração pública.

SEXUALIDADE EM PACIENTES RENAIS





O que é sexualidade?
Muitas pessoas pensam que a sexualidade se refere somente ao ato sexual. No entanto, neste conceito estão incluídos muitos outros fatores, desde como a pessoa se sente a respeito do seu corpo, até como ela se comunica com outras pessoas e como constrói suas relações. A sexualidade envolve, inclusive, muitas outras atividades sexuais que não estão necessariamente ligadas ao ato sexual, como tocar, abraçar e beijar.

Como a doença renal pode afetar a vida sexual?
A doença renal pode causar alterações físicas e psicológicas que afetam a vida sexual.
Fisicamente, a mudança química que ocorre no corpo do doente renal afeta os hormônios, a circulação, o sistema nervoso e o nível de energia. Essas mudanças geralmente causam uma diminuição no interesse e no desempenho sexual. Muitos medicamentos, usados no tratamento da doença, podem também afetar o funcionamento sexual.
Em razão disso, geralmente, os indivíduos em hemodiálise são sexualmente menos ativos do que as pessoas saudáveis. A atividade sexual requer um nível de energia que poderá faltar ao IRC. Na mulher, o orgasmo poderá ser menos freqüente e o homem terá mais dificuldade em conseguir a ereção.
Por outro lado, o uso de certos medicamentos pode acarretar o ganho de peso, o surgimento de acne e queda de cabelo. Alguns doentes em diálise peritoneal sentem-se embaraçados com o cateter, outros se preocupam com o aumento de gordura na região abdominal, resultado da glicose contida no soro. A mulher pode sentir que a fistula, ou outras cicatrizes, a tornam menos feminina. Todas essas preocupações com a aparência afetam psicologicamente o paciente fazendo com que o ele se sinta pouco atraente e causando, conseqüentemente, uma diminuição do interesse sexual.
Os paciente renais podem também sentir alterações de humor provocadas pelo tratamento e pela medicação. Crises de irritabilidade e depressão pode afetar o relacionamento com o parceiro.

O que pode ser feito em relação a esses problemas?
O problema físico pode ser amenizado de várias maneiras. O homem que não consegue a ereção pode optar por um implante no pênis, que possibilita a ereção e, em alguns casos, pode inclusive melhorar o fluxo de sangue para o pênis. Outra opção pode ser o uso de hormônios masculinos que podem ser injetados ou tomados via oral. Médicos especialistas podem dar informações sobre as vantagens e desvantagens de cada tratamento.
As mulheres podem resolver o problema da falta de lubrificação vaginal, ocasionada pelo baixo nível de hormônios, com o uso de um lubrificante a base de água. A dificuldade em atingir o orgasmo e a falta de energia durante a relação podem ser resolvidas com a ingestão de hormônios e com o uso de medicamentos controladores da pressão arterial, respectivamente. É importante consultar o médico antes de optar pelo tratamento.
Exercícios de relaxamento ajudam a diminuir o estresse, a ansiedade os medos, que são bastante comuns em doentes crônicos. As atividades físicas regulares mantém a mente ocupada e melhoram o condicionamento e o aspecto físico do paciente.

A relação sexual é segura para pacientes renais?
Sim. Pacientes renais e seus parceiros preocupam-se pensando que a atividade sexual pode ser perigosa para pacientes em diálise ou pacientes transplantados. No entanto, nenhuma limitação precisa ser estabelecida para as relações sexuais em pacientes renais. Se a atividade sexual não causar incômodo ou tensão, não haverá danos para o paciente.
Após o transplante, é importante esperar a cicatrização do local da cirurgia. Porém, desde que o médico diga que o paciente está pronto para a atividade sexual, não há motivos para preocupação com o rim transplantado.
O medo pode fazer com que as pessoas evitem a atividade sexual desnecessariamente. Como em qualquer atividade física o paciente pode fazer sua própria avaliação, ouvir seu corpo e conversar com seu médico para decidir que tipo de atividade pode ser prejudicial a sua saúde
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Pessoas em tratamento dialítico podem ter filhos?
Geralmente as mulheres em diálise não podem engravidar, pois o tratamento altera o ciclo menstrual. Mas, algumas mulheres continuam a ter o ciclo menstrual normal e têm, portanto, a possibilidade de engravidar. No entanto, os riscos que envolvem a mãe e o índice elevado de abortos espontâneos, indicam que devem ser aconselhadas medidas de prevenção para impedir a gravidez.
Os homens em diálise mantêm a fertilidade e, se forem sexualmente ativos, há sempre a possibilidade de a companheira engravidar. Porém, se o casal estiver tentando, sem sucesso, ter um filho, é necessário procurar ajuda médica. Em alguns casos, o homem pode ter que fazer periodicamente exames de fertilidade.

É mais fácil para uma paciente transplantada engravidar do que para uma paciente em diálise?
Sim. A maioria das mulheres retoma normalmente o ciclo menstrual após o transplante e passam a ter uma saúde melhor do que uma paciente em diálise. Por isso, é mais fácil para elas engravidar. No entanto, a gravidez não é recomendada antes que se complete um ano da realização do transplante, mesmo se o rim estiver funcionando bem. Em alguns casos, a gravidez não é recomendada porque representa risco de vida para mãe ou a possibilidade de perda do rim transplantado.

Os medicamentos tomados pelas pacientes transplantadas podem afetar a gravidez?
Os medicamentos anti-rejeição não parecem causar efeitos colaterais negativos na gestação do feto. Logo após o transplante, os pacientes recebem alta dose desses medicamentos, porém desde que os medicamentos são reduzidos ao nível de manutenção, eles não parecem causar efeitos negativos no desenvolvimento do bebê.
No entanto, em longo prazo, esses efeitos ainda são desconhecidos. A paciente transplantada que quiser engravidar deve discutir a possibilidade com seu médico.

Quais métodos anticoncepcionais são recomendados para pacientes renais?
Geralmente, mulheres que sofrem de hipertensão arterial não podem usar pílulas. Pacientes transplantadas não devem usar DIU, pois os medicamentos anti-rejeição baixam a defesa do organismo, tornando-as mais propensas a contrair uma infecção do DIU.
O diafragma e a camisinha são bons métodos anticoncepcionais, especialmente quando usados com cremes espermicidas. No entanto, é importante consultar um médico, que pode recomendar o tipo de anticoncepcional para ser usado em cada caso.

A doença renal pode afetar o desenvolvimento sexual de uma criança?
Depende da idade que a criança tenha quando ocorre a insuficiência renal. Crianças com IRC são geralmente menores que outras crianças da mesma idade e seu desenvolvimento sexual é mais lento. Crianças que fazem diálise provavelmente crescerão menos e se desenvolverão mais lentamente do que uma criança transplantada.
Se um adolescente tem IRC, seu desenvolvimento sexual pode tornar-se mais lento ou parar. As mudanças, causadas tanto pela doença quanto pelo tratamento, podem fazer com que o adolescente se sinta diferente de seus amigos. Nesses casos, os pais devem levar essas preocupações ao médico.
Pais de crianças ou adolescentes com IRC devem lutar contra o impulso de proteger seus filhos da dor do crescimento. Auto-estima, independência e identidade sexual são importantes para o adolescente. Os pais precisam conversar abertamente com seus filhos sobre as alterações físicas, emocionais e sexuais que acontecem nesse período.
Dr. M.C. Riella
Médico Nefrologista - CRM 2370 PR

"Eu defendo a tortura" - Entrevista: Jair Bolsonaro

Entrevista: Jair Bolsonaro

"Eu defendo a tortura"

O deputado que defende fuzilamento de FHC ficou 28 anos sem falar com o pai alcoólatra


Cláudia Carneiro

Foto: Roberto Jayme
Entre os companheiros de quartel no Rio de Janeiro, o capitão reservista do Exército Jair Messias Bolsonaro era conhecido como "cavalão". Seu porte atlético, em 1,86 metro de altura e 75 quilos, desenvolvido nos exercícios da Escola de Educação Física do Exército, garantiu-lhe o título de pentatleta das Forças Armadas. Mas foi a língua solta que o ajudou a ganhar fama nacional, quando começou a questionar governos, há mais de uma década, para defender a corporação à qual pertenceu. Nas últimas semanas, manteve o hábito de causar polêmica ao propor o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. No terceiro mandato federal, eleito com 103 mil votos, o deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), 44 anos, abre fogo contra colegas da Câmara dos Deputados que combateram a ditadura militar, defende a tortura, a censura e a pena de morte e não se arrepende de ter pregado o fuzilamento do presidente. Pai de três filhos adolescentes com a primeira mulher, Rogéria Bolsonaro, e de um bebê com a segunda, Cristina, 32 anos, Bolsonaro revela em entrevista a Gente que sonha disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro. "Mas eu não estou preocupado em ser prefeito. Eu quero é espaço."
Teme algum dia ser cassado por suas declarações?
Não. Se um soldado está na guerra e tem medo de morrer, é um covarde. Se eu fosse cassado, seria o parlamentar cortando seu próprio direito de opinião, palavra e voto. Tenho poucos inimigos dentro da Câmara.

Ainda acha que o presidente deveria ser fuzilado?
Eu não errei em falar isso naquele local, naquela oportunidade e naquele momento. E acho que tenho o direito de falar. Eu não xinguei o presidente, nem disse que ele não conhece o pai dele. Acho que o fuzilamento é uma coisa até honrosa para certas pessoas.

Isso não é incitação ao crime?
Se eu estivesse conspirando, não falaria isso. Não é difícil matar o presidente. Só tem que ter coragem. O esquema de segurança dele é falho. Por exemplo, tenho uma casa no litoral em Mambucabinha, próxima do local onde ele passeia quando vai a Angra dos Reis. Sou primeiro lugar no curso de mergulho do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Bastava planejar. E as chances de sucesso de se cumprir a missão são grandes. Não é difícil eliminar uma autoridade no País. Isso até serve para alertar o presidente.

Como isso seria feito?
Tudo depende de planejamento. Pode-se pegar uma arma com mira e matar o presidente em Brasília. Com uma besta (espécie de arco e flecha) dá para eliminar uma pessoa a 200 metros. Até com um canivete dá para chegar no cangote do presidente. Mas quero deixar claro que não estou incitando ninguém a fazer. E não tenho nenhum plano para eliminar o presidente. Eu não partiria para uma missão suicida.

O senhor fuzilou alguém?
Não. Eu já saquei arma uma vez. Estava indo a pé para o quartel, no Rio, por volta da meia-noite, e vi que estava sendo perseguido. O elemento então saiu correndo. Devia ser um ladrão barato.

Seus colegas de Congresso o consideram uma pessoa truculenta. Como o senhor é em casa?
Nunca bati na ex-mulher. Mas já tive vontade de fuzilá-la várias vezes. Também nunca dei um tapa num filho. Gosto de chamar para conversar, contar piadas.

O que levou ao fim seu casamento de 19 anos?
Meu primeiro relacionamento despencou depois que elegi a senhora Rogéria Bolsonaro vereadora, em 1992. Ela era uma dona-de-casa. Por minha causa, teve 7 mil votos na eleição. Acertamos um compromisso. Nas questões polêmicas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas começou a freqüentar o plenário e passou a ser influenciada pelos outros vereadores.

Não era uma atitude impositiva de sua parte?
Foi um compromisso. Eu a elegi. Ela tinha que seguir minhas idéias. Acho que sempre fui muito paciente e ela não soube respeitar o poder e liberdade que lhe dei. Mas estou muito feliz na minha segunda relação. Vivo muito bem com a Cristina.

O que o senhor acha da legalização do topless?
Não sou contra, não. Desde que seja com a mulher dos outros. Depois que todas as mulheres estiverem usando, aí a minha poderá usar. O fio dental foi um escândalo e hoje é normal. Tudo é evolução.

E sobre a legalização do aborto? 
Tem de ser uma decisão do casal.

O senhor já viveu tal situação?
Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó. (Bolsonaro aponta para a foto no mural de seu filho mais novo, Jair Renan, de 1 ano e meio, com Cristina.)

O senhor segue alguma religião?
Eu acredito em Deus. Sou católico. Mas é coisa rara ir à Igreja. Eu já li a Bíblia inteirinha, com atenção. Levei uns sete anos para ler. Você tem bons exemplos ali. Está escrito: "A árvore que não der frutos, deve ser cortada e lançada ao fogo". Eu sou favorável à pena de morte.

Pena de morte é a solução?
Acho que um elemento que pratica um crime premeditado não pode ter direitos humanos. O José Gregori (secretário nacional dos Direitos Humanos) fala em indenizar os familiares dos 111 mortos no Carandiru. E ele não dá uma palavra às viúvas e órfãos que os 111 fizeram em sua vida de marginalidade.

A polícia agiu corretamente no Carandiru? 
Continuo achando que perdeu-se a oportunidade de matar mil lá dentro. Pena de morte deve ser aplicada para qualquer crime premeditado.

Isto inclui tráfico de droga?
Aí é outra história, aí eu defendo a tortura. A pena de morte vai inibir o crime. Nunca vi alguém executado na cadeira elétrica voltar a matar alguém. É um a menos.

Em que outras situações o senhor defende a tortura?
Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. É pau-de-arara, porrada. Para seqüestrador, a mesma coisa. O objetivo é fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico.

E a tortura praticada pela ditadura militar? 
Admito que houve alguns abusos do regime militar, mas a tortura não foi em cima de um simples preso político. Aquelas pessoas estavam armadas e matavam. Só na Guerrilha do Araguaia perdemos 16 militares.

O senhor disse que o deputado José Genoino (PT-SP) era mentiroso e delatou seus companheiros da Guerrilha do Araguaia. O senhor tem provas?
Tenho informações seguras. Eu tenho orgulho de dizer que não fui um Genoino da vida, um deputado mariposa. O Genoino fala que pegou em armas por dois anos. O que ele fez nesses dois anos? Assaltou bancos, seqüestrou? Quantos ele matou?

O que pensa sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo?
Eu sou contra. Não posso admitir abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso.

Tem algum homossexual na família?
Graças a Deus, não. Eu desconheço. Se tivesse, nem quero pensar.

E como o senhor trata da liberação sexual com seus filhos?
Certas coisas não se pode ser contra ou a favor. Prefiro que um filho meu leve uma namoradinha para dentro de minha casa, num dia que eu não esteja lá, do que ele ser rendido na rua e assassinado dentro de um carro.

Como foi que o senhor perdeu a virgindade?
Com 17 anos de idade. Meio tarde, né? Meus filhos vão pegar no meu pé por causa disso. Eu estava na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas. Ninguém tinha dinheiro. Juntávamos uns 20 alunos, fazíamos um sorteio, íamos para o baixo meretrício e os cinco sorteados faziam fila com a mesma mulher.

Seu pai era agressivo em casa?
Eu não conversava com ele (Percy Geraldo Bolsonaro, morto em 1995) até os 28 anos de idade. Ele bebia descaradamente e brigava muito em casa, com minha mãe e os filhos. Mas nunca bateu em filho. Um dia constatei que não iria mudá-lo. Resolvi pagar uma pinga para ele. Nos tornamos grandes amigos.

Por que decidiu ser militar?
Por causa do Lamarca. Eu tinha 15 anos de idade, usava cabelo com gumex, calça boca-de-sino, sapato "cavalo de aço", quando o Lamarca passou por Eldorado Paulista, em 1970. O Exército chegou lá. Eu então conheci e me apaixonei pelo Exército brasileiro.

Envie esta página para um amigoPretende disputar nova eleição para a Câmara?
Tenho que ficar com os cabelos mais brancos para um dia tentar um cargo no Executivo. Na Prefeitura do Rio de Janeiro, para eu fazer meu nome. Daí, quando perguntarem sobre enchente num debate, eu vou responder sobre reservas indígenas. Não estou preocupado em ser prefeito, eu quero espaço, quero mostrar o que a mídia não mostra.

Bolsonaro é tosco? Sim, ele é. Mas não é burro. E nem está sozinho.

Bolsonaro é tosco? Sim, ele é. Mas não é burro. E nem está sozinho.
leonardo-sakamoto
Representa uma camada da população que divide com ele a visão de mundo e tem orgasmos múltiplos ao ouvir as estripulias de seu deputado. Estripulias que não vêm de rompantes do fígado, mas são milimetricamente calculadas para ganhar espaço da mídia.
Todos os pontos de vista merecem ter voz em uma democracia. O problema é que a visão de mundo de Bolsonaro e representados torna o diálogo e mesmo a convivência pacífica impossíveis. Um estranho paradoxo: Bolsonaro e representados defendem a antítese da democracia, apesar de só continuarem podendo se expressar livremente por conta dela.
Na mais nova presepada, ele teria socado o estômago do senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), na manhã desta segunda (24), durante um bate-boca na entrada da Comissão da Verdade no 1o Batalhão de Polícia do Exército, onde funcionava o DOI-Codi, centro de torturas durante a Gloriosa. Bolsonaro admitiu tê-lo “empurrado por baixo” e, ao final, conseguiu entrar no quartel, mas não acompanhou a visita da comitiva para a qual não estava convidado.
“Se eu dou um soco nele, eu o desmonto. Boto ele no chão para dormir três dias”, marrento como Anderson Silva. O PSol deve entrar com – mais uma – representação contra o deputado carioca.
Vamos ao ponto: ele não é causa e sim consequência. Verbaliza a visão de uma parte da sociedade que reproduz processos que mantém a opressão, a dor e o preconceito. Ou seja, o que me angustia não é ele e um grupo de gente com ideias cheirando a naftalina, mas que parte do Brasil está com ele. Nas rodas de amigos em bares, mas mesas de jantar com a família, na hora do cafezinho no trabalho ou no silêncio do banheiro, lendo as notícias do dia no tablet. De todas as idades. De várias classes sociais.
Bolsonaro tinha 29 anos quando Figueiredo deixou o Planalto para cuidar de seus cavalos. Ficou 15 anos no Exército e mantinha-se na Câmara dos Deputados devido à sua defesa dos direitos trabalhistas dos militares (pela quantidade de rifles que desaparecem dos quartéis no Rio e reaparecem nas mão do tráfico, verifica-se como os salários são vergonhosamente baixos). Daí, foi se destacando na defesa de assuntos simbolicamente relevantes para os seus representados.
Bons exemplos disso não faltam. Foi ele quem colocou um cartaz na porta de seu gabinete na Câmara com os dizeres “Desaparecidos do Araguaia, quem procura osso é cachorro”, zombando das famílias de vítimas da Gloriosa e dos esforços do governo federal para encontrar as ossadas dos guerrilheiros mortos pela ditadura e enterradas em local que o Exército nega revelar.
Ou o machismo truculento presente na entrevista dada para a revista Isto é Gente, em 2000: “Meu primeiro relacionamento despencou depois que elegi a senhora Rogéria Bolsonaro vereadora, em 1992. Ela era uma dona-de-casa. Por minha causa, teve 7 mil votos na eleição. Acertamos um compromisso. Nas questões polêmicas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas começou a frequentar o plenário e passou a ser influenciada pelos outros vereadores. (…) Foi um compromisso. Eu a elegi. Ela tinha que seguir minhas ideias. Acho que sempre fui muito paciente e ela não soube respeitar o poder e liberdade que lhe dei”.
Note o “que lhe dei”.
Outra frase de efeito: “O grande erro foi ter torturado e não matado” – esta dita após seminário no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 2008, contra manifestantes do Grupo Tortura Nunca Mais e da União Nacional dos Estudantes. Segundo ele, essa teria sido a melhor solução para evitar que, hoje, pessoas perseguidas pela ditadura pedissem indenização ou reclamassem a justa e correta abertura dos arquivos que contam o que aconteceu na época.
(Menos “humano” que o seu colega de partido Paulo Maluf, que outrora sugeriu aos criminosos “estupre, mas não não mate”.)
Em um quadro de perguntas e respostas do programa CQC, veiculado há dois anos, compartilhou impressões sobre o mundo. Um filho que fuma maconha merece levar “porrada”. Ser um pai presente e dar boa educação garante que a prole não seja gay. E caso seus filhos se apaixonassem por uma negra, respondeu que eles eram educados e que não viveram em ambiente de promiscuidade, como a cantora Preta Gil, autora da pergunta. No dia seguinte, sua página trouxe uma justificativa: de que a pergunta foi “percebida, equivocadamente, como questionamento a eventual namoro de meu filho com um gay”. Ah, então tá.
É claro que Bolsonaro e alguns militares da reserva (com a ajuda de alguns “estrelados” da ativa) querem que a verdade e a Justiça permaneçam enterradas em cova desconhecida junto com assassinados pela ditadura. E, pelo que parece, que sejam enviados para as mesmas covas, os direitos conquistados a duras penas depois que a ditadura, que ele defende, caiu.
E tendo em vista os posicionamentos conservadores, machistas, homofóbicos, preconceituosos de grande parte da população brasileira e que são defendidos com unhas e dentes pelo nobre deputado e seu grupo, talvez você esteja do lado dele. E nem perceba.
Em tempo: aos leitores que se enquadram como cães de guarda do ranço da ditadura e que vão vir com pérolas como “se punir torturadores, tem que punir os terroristas”, recados: a) cresçam; b) livros de história são baratos; c) podem se esgoelar à vontade, não dou a mínima.



Fonte: Blog do Sakamoto

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Os embargos foram imbecis ou desonestos ou ignorantes?


Meus amigos: Se Celso de Mello, como juiz, votou de acordo com a lei, perguntam indignadamente vários internautas, então isso significa que os outros 5 ministros que negavam os embargos foram imbecis ou desonestos ou ignorantes? Nada disso.

Para os que não estão familiarizados com a área, saibam que o direito não é matemática. Muitas vezes há espaço para 2 ou mais interpretações (todas razoáveis).

O que ocorreu no julgamento de quarta-feira (18/9) e que a grande mídia podre e canalha não explicou (e não explica) para a população foi o seguinte: nenhum dos 5 votos contrários revelou que sabia da discussão que houve no Congresso Nacional em 1998 sobre a revogação dos embargos infringentes no regimento interno do STF. 

Nenhum dos 5 votos contrários ao recurso mencionou essa questão. Ignorou-a completamente. Talvez não soubessem disso. E quiça até mudariam o voto se tivessem conhecimento desse detalhe (relevantíssimo).

Diziam que tinha havido revogação tácita do regimento interno em 1990 (JB, Fux etc.). Como pode ter havido revogação tácita de um dispositivo que o Congresso Nacional discutiu abundantemente em 1998, a partir de um projeto do governo FHC, recusando-o explicitamente?

Qualquer um é capaz de perceber, com essas informações, o quanto foi descomunal, bestial e cafajeste o massacre midiático contra o voto de um juiz que apenas cumpriu a lei.

Que falta nos faz estudar o filósofo grego Epicuro, um dos pais remotos do Renascentismo, também ele acusado de depravação sexual, vida desregrada, comilão etc., só porque dizia que temos direito como seres humanos de ter prazeres módicos e éticos nesta vida! A mídia podre e canalha, ao contrário, quer nos convencer de que deveríamos viver de forma irresponsável, imoral e aética! Como pode isso? Avante!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Vamos Observar o 'STF' - Ele faz parte deste Sistema!!!

Meus amigos: Em resumo, os mensaleiros devem ganhar os embargos infringentes, mas podem não levar nada, porque uma coisa é a forma, outra o conteúdo. Na forma Celso de Mello, ao que tudo indica, vai garantir os embargos infringentes. No conteúdo, no entanto, vai bater duríssimo no esquema organizado pelo PT, com a conivência de políticos sanguessugas, marqueteiros e banqueiros, que são (segundo as palavras do citado ministro) “quadrilheiros da república”, “bandidos que dilapidam a coisa pública”, “bandoleiros que confundem o partido com o Estado” e por aí vai.

Que se preparem os réus já julgados como parasitários da coisa pública, que a governam para satisfação dos seus interesses partidários ou privados. Todo massacre contra suas desonestidades ainda não foram nada. Não se pode esquecer que 2014 é ano eleitoral. As novas sessões de tortura moral serão deprimentes para os réus, inequivocamente contundentes, verdadeiras devassas públicas, em pleno pelourinho televisado, porque essa é a maneira moderna de ritualizar a velhíssima cerimônia do “bode expiatório”, em seu significado original (na próxima postagem explico como era essa cerimônia, para v. ter uma ideia do que vai ocorrer nas seguintes sessões do mensalão). Avante Brasil!

HÁ QUE SER APLICADO "O DIREITO PENAL DO INIGO" AOS LESA-PÁTRIA. O 'STF' ESTÁ CONIVENTE COM ESSES CRÁPULAS!!!

Saiba qual foi o argumento de cada ministro do STF sobre os embargos infringentes

Publicado por Ylena Luna - 17 horas atrás
LEIAM 15 NÃO LEIAM
O Supremo Tribunal Federal (STF) decide se 12 réus condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão, têm direito a novo julgamento por meio do recurso conhecido como embargo infringente. Nesta quinta-feira (12), a votação ficou empatada em 5 a 5. O ministro Celso de Mello desempatará o placar ao ler o seu voto na próxima sessão do STF, marcada para a próxima semana.
Os ministros votam se os embargos infringentes são cabíveis. Dessa forma, caso a maioria dos ministros do STF votem pela validade desse tipo de recurso, os réus condenados com pelo quatro votos pela absolvição poderão solicitar novo julgamento.

Confira como votou cada ministro do STF e os principais argumentos apresentados:


Ministro Joaquim Barbosa - Presidente - Contra

Na sessão da quinta-feira (5), apenas o relator do processo e presidente do STF, Joaquim Barbosa, se manifestou contra a validade dos recursos. Barbosa disse que os réus não têm direito ao recurso porque a lei que entrou em vigor não prevê a utilização dos embargos infringentes.

Ministro Roberto Barroso - A Favor
Luís Roberto Barroso entendeu que os embargos infringentes são válidos, mesmo com a edição da Lei 8038
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/1990. Para o ministro, a lei não declarou a revogação do artigo do regimento interno do Supremo que trata do recurso.

Ministro Teori Zavascki - A Favor
O ministro Teori Zavascki reconheceu a viabilidade dos recursos infringentes na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Ele argumentou que os embargos infringentes não foram revogados por outras leis e "estão em perfeita consonância com outros diplomas legais"

Ministra Rosa Weber - A Favor
De acordo com Rosa Weber, a lei de 1990, que trata dos recursos que podem ser usados nos tribunais superiores, não revogou o artigo do regimento interno do Supremo, que autoriza os infringentes.

Ministro Luiz Fux - Contra

Segundo o ministro, o duplo grau de jurisdição não pode ser estendido para este tipo de interpretação proposta.
 Para Fux, acolher o recurso criará uma “generalizada desconfiança” na Suprema Corte.

Ministro Dias Toffoli - A Favor

Toffoli entendeu que a Lei 8.038
Carregando...
/1990, que estabeleceu as ações cabíveis nos tribunais superiores, confirmou a validade do Artigo 333 do regimento interno do STF, que prevê a possibilidade dos embargos infringentes.

Ministra Cármen Lúcia - Contra
Apesar de defender o direito de acesso aos recursos, a ministra entendeu que os embargos infringentes não são válidos, porque não são aceitos em instâncias inferiores ao Supremo, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ministro Ricardo Lewandowski - Vice-Presidente - A Favor

Para o ministro, o recurso deve ser acatado pela Corte já que “embargos infringentes não constituem nenhuma extravagância jurídica”e é aplicado, inclusive, no Superior Tribunal Militar (STM).

Ministro Gilmar Mendes - Contra
Gilmar Mendes entendeu que os embargos infringentes não são mais válidos desde a entrada em vigor da Lei 8.090
Carregando...
/1990, que definiu os recursos que pedem ser usados nos tribunais superiores.

Ministro Marco Aurélio - Contra
Marco Aurélio argumentou que os embargos infringentes não são válidos, sob pena de causar insegurança jurídica. Para o ministro, a adoção deste tipo de recurso seria “mudar as regras no meio do jogo” e a "incompatibilidade de recursos neste processo salta aos olhos porque o entendimento diverso leva a incongruência”

Ministro Celso de Mello - A Votar

Saldo parcial

5 - Contra
5 - A Favor

Fonte: http://www.ebc.com.br/noticias/política/2013/09/saiba-qual-foioargumento-de-cada-ministro-do-stf-sobre-os-embargos

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Professor cobra reflexão sobre falhas nas provas da OAB: “Não é admissível que tantos candidatos sejam prejudicados”

Professor cobra reflexão sobre falhas nas provas da OAB: “Não é admissível que tantos candidatos sejam prejudicados”



Da Redação - Katiana Pereira
Professor - João Aguirre
Professor - João Aguirre
O professor doutor João Aguirre, coordenador de cursos para exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da LFG, em entrevista exclusiva ao Olhar Jurídico, asseverou que as constantes falhas nas provas dos Exames de Ordem desanimam os bacharéis e coloca em xeque a atuação da Fundação Getúlio Vargas na elaboração dos testes.

“Lastimo que não tenha havido a humildade de reconhecer os erros com a invalidação de questões que continham gravíssimas falhas”, analisou. Aguirre acredita ainda que os problemas apresentados no X exame e que se repetiram no XI, faz com que a expectativa para a prova da 2ª seja a pior possível.

Um levantamento feito pela FGV Projetos aponta que dos 361 mil candidatos que se inscreveram entre a primeira e a oitava edição do Exame de Ordem Unificado, apenas 66.923 foram aprovados de primeira (18,5%). Ao todo, foram recebidas no período 892.709 inscrições.

Aguire, que é doutor em Direito Civil pela USP e Mestre em Direito Civil pela PUC/SP, afirma que o exame aplicado no domingo (18), trouxe algumas questões passíveis de recurso por parte dos bacharéis e possível anulação. O doutor explicou que, das nove questões que são passíveis de anulação, duas contêm erros graves.

Confira alguns dos principais trechos da entrevista.
Olhar Jurídico - Um recente levantamento do FGV Projetos apontou que apenas 18,55 % dos bacharéis passam de primeira no exame de Ordem da OAB. A que o senhor atribui essa baixa aprovação?


Professor João Aguirre - Entendo que o Exame de Ordem encontra-se afastado de seu real escopo que é aferir se o candidato possui o conhecimento básico para um advogado em inicio de carreira. Some-se a isso o fato de o XI Exame de Ordem apresentar diversas falhas em sua prova de 1ª fase e chaga-se ao resultado inexpressivo de aprovações.

Olhar Jurídico - Os constantes erros nas provas do exame de Ordem da OAB, elaboradas pela FGV Projetos, abre precedente para se questionar a seriedade dessas provas?

Professor João Aguirre
- Não questiono em absoluto a seriedade e a idoneidade da Fundação Getúlio Vargas, Instituição renomada e que sempre prestou relevantes serviços ao país, mas lamento profundamente os inúmeros erros ocorridos na X e XI edição do Exame de Ordem, que acabaram por prejudicar vários alunos. Também lastimo que não tenha havido a humildade de reconhecer os erros com a invalidação de questões que continham gravíssimas falhas. Não é admissível que diversos candidatos sejam prejudicados em razão de tantos erros na elaboração e aplicação da prova.

Olhar Jurídico - Que leitura o senhor faz dos problemas ocorridos nos últimos Exames de Ordem. A partir deles, como que o senhor projeta a segunda fase e como essa projeção vai impactar no curso que ministra?

Professor João Aguirre
- Creio que os problemas ocorridos na 1ª e 2ª fase do X Exame da Ordem atingiram uma dimensão tamanha que impõem a Fundação Getúlio Vargas um exercício de reflexão, pois não é admissível que tantos candidatos sejam prejudicados por suas falhas. Na 1ª fase, várias questões com erros grosseiros não foram anuladas.

Na aplicação da prova de 2ª fase criou-se um tumulto com a interpretação subjetiva de uma regra relacionada aos vade mecuns que poderiam ou não ser utilizados, ocasionando situações em que em um mesmo local, candidatos foram proibidos de utilizar o código em uma sala, mas na sala vizinha, nada ocorreu. Para piorar, o gabarito da prova da 2ª fase gerou ainda mais prejuízos nas diversas áreas.

Olhar Jurídico – Quais foram esses prejuízos?

Professor João Aguirre
- Duas questões foram anuladas na prova de Direito Civil. Sete possíveis peças foram aceitas em tributário, algo inconcebível num exame dessa magnitude. Além disso, a prova de Administrativo e a de Penal também continham gravíssimos erros que tornavam imperiosas a sua anulação. Infelizmente, esses problemas não se limitavam ao X exame, mas apareceram também no XI, com número muito expressivo por erros graves. Tudo isso faz com que a expectativa para a prova da 2ª seja a pior possível.

Olhar Jurídico – Com sua experiência, o senhor acredita que essas falhas desanimam os bacharéis?

Professor João Aguirre
- Na qualidade de bacharel eu estaria bastante desanimado em razão da falta de qualidade e de cuidado na elaboração da prova da OAB.

Olhar Jurídico - É cada vez maior o número de acadêmicos e bacharéis em Direito que recorrem aos cursos especializados, com os que são ofertados pela LFG, Damásio e outros, para conseguirem passar no exame. Isso é reflexo da baixa qualidade no ensino das faculdades de Direito, que não preparam os estudantes para o exame?

Professor João Aguirre -
Entendo que a prova da OAB exige um prazo diferenciado e conhecimento específico que pode ser suprido por cursos de qualidade como a LFG cursos.

Olhar Jurídico
- Quais as dúvidas mais comuns dos alunos nos cursos preparatórios?

Professor João Aguirre -
Temos a missão de preparar o candidato de forma mais adequada e cuidadosa para que logre o objetivo de passar no Exame de Ordem e começar a exercer a carreira de advogado. As dúvidas são várias, de conteúdo, forma, mas também sobre como ultrapassar os obstáculos criados por uma prova mal elaborada.

Olhar Jurídico - Sob a identificação das peças, qual o nível de dificuldade exigido pela FGV nas últimas edições?

Professor João Aguirre
- Um nível de dificuldade bastante grande e, às vezes, impossível de ser enfrentada pelo candidato dada a ausência de informações fundamentais no enunciado do problema, como ocorreu no X Exame com a prova de Direito Penal.

Olhar Jurídico - O senhor entende que Exame de Ordem deve ser mantido pela OAB, ou deve ser transferido para o Estado, como defende o senador Cristovam Buarque?

Professor João Aguirre
- Entendo que o Exame de Ordem deve ser mantido pela OAB, entidade da qual me orgulho de pertencer, mas que a prova deve ser melhor elaborada.

Negro Belchior





Quem tem medo de mulheres negras de jaleco branco?


“Eu já desde muito nova queria fazer Medicina… só que Medicina é um curso impensável para as pessoas de onde eu venho, para as pessoas como eu sou, negra, mulher, pobre, Capão Redondo. Ninguém sonha ser médico lá. Eu insisti que queria fazer medicina.” – Cintia Santos Cunha
Em seu texto sobre a polêmica dos médicos cubanos no Brasil e a reação de uma jornalista potiguar que escandalizou as redes sociais ao dizer que médicos cubanos pareciam “empregadas domésticas”, e que precisariam ter “postura de médico”, o que não acontecia com os profissionais cubanos, o professorDennis de Oliveira sintetizou:
“(…) ela expressou claramente o que pensa parte significativa dos segmentos sociais dominantes e médios do Brasil: para eles, negros e negras são tolerados desde que em serviços subalternos. Esta é a “tolerância” racial brasileira.”
Essa mentalidade racista que sempre pressupôs o lugar do negro em nossa sociedade, contaminou milhares de jovens estudantes nas últimas muitas gerações. Isso somado ao descaso com a qualidade da educação pública faz com que, em sua grande maioria, jovens negros e/ou pobres sequer sonhem com universidades ou profissões “diferentes” daquelas nas quais percebem seus iguais.
HERDEIROS DE NINA RODRIGUES
A classe médica (e média) que hoje não se constrange em manifestar seu preconceito racial é herdeira de Nina Rodrigues. Racista confesso, o renomado médico baiano tentava dar cientificidade à sua tese sobre as raças inferiores. Acreditava ele que os negros tinham capacidade mental limitada e uma tendência natural à criminalidade.
No final do século XIX, Nina Rodrigues combatia a miscigenação por acreditar que qualquer mistura poderia degenerar a raça superior branca. Mais ainda, defendia a existência de dois códigos penais: uma para os brancos e outro para as raças inferiores. Esses e outros absurdos podem ser observados em seu livro “As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil’.
399362_342166102548032_1068443305_nA população negra perfaz mais de 50% da população brasileira, mas entre os formados em medicina o percentual foi de 2,66% em 2010. Na USP, por exemplo, são comuns listas de aprovados nos vestibulares mais concorridos sem sequer um único auto-declarado negro, como foi o caso deste ano de 2013. Isso se repete na Bahia, onde mais 70% da população é negra. Simbólica e triste a foto ao lado,que traz a turma de 2011 da Universidade Federal da Bahia.
A DECLARAÇÃO DE CÍNTIA, DO CAPÃO
Cintia Santos Cunha foi uma exceção. E ao a ouvi-la falar, ao perceber a postura de dignidade que todo ser humano pode – se quiser, carregar, independente de sua profissão, é possível entender o porquê de tanta oposição por parte das classes dominantes em relação à presença dos doutores de pele preta: a descoberta de sua mediocridade.
Médicos, imprensa e Conselho Federal de Medicina corporativistas, reacionários, cínicos e racistas, é para vocês a grande lição deixada pela estudante de medicina em CUBA, Cíntia Santos Cunha, que retornou a Ilha para concluir o curso em Fevereiro de 2014.
É do povo que vocês tem medo! E devem mesmo ter medo! Toda sua riqueza não é suficiente para compensar os mais de 500 anos de opressão.