domingo, 18 de setembro de 2016

O Jardim da Praça Padre Mateus

O Jardim da Praça Padre Mateus


(evangelista da silva)

Era um jardim de arquitetura francesa e cheio de flores...
Tinha um arco apoteótico a receber os românticos ...
Os Tupinambás remanescentes e os mestiçados em paixão...
Assim todos a ele acorriam para respirar àquela praça...

E lá, na antiga praça onde um barracão em lama fétida...
Recebia o seu povo para comprar alimentos contaminados
Em meio a uma podridão factual e administrativa dos anos 60...
Não era um jardim... era um barracão lambido de merda...

Hoje, acordo com saudade a recordar-me de uma noite...
Fazia-se madrugada e lá estava eu e Ery músico trompetista.
Naquela noite fazíamos uma seresta ao som Haydiniano
Casado com um romantismo sem igual em noite de seresta...

Ery, embora desarrumada a mente... se nos convencia a gente
A se lhe declinar à alma e vislumbrar o som inquietante do seu
Amável Trumpet que fizera Kito – o violonista clássico inquieto...
Lá do sobrado de sua casa vir a contemplar a musicalidade do

Imortal poeta da música esquecido em mais uma madrugada
No jardim da praça dos Paiaiás... Era noite bela, e azul, e iluminada...
A lua boiava por todo o jardim ontem esplêndido e hoje morto...
Desfeito e projetado para uma espécie de Cracolândia da Praça...

Da Praça do Padre Mateus Vieira de Azevedo tortuosa e nua...
Assim fizeram do nosso jardim dos amores e encontros, - terrores...
Ao modificarem a sua arquitetura e edificando barracas de cachaça...
Hoje, todas às vezes que passo na praça, recordo-me aquele jardim.

A planta poeticamente em versos traçada por um arquiteto francês...
Aqui fora presenteada pelo eminente filho desta amada terra, -
Dr. Gorgônio José de Araújo Neto que, por certo, é capaz de ao recordar...
Tremer e chorar ao presenciar o crime praticado por um tal prefeito.

Dentre os vários crimes perpetrados pelo forasteirismo animal...
A destruição do nosso patrimônio de beleza sem igual se foi...
Restando a estupidez e aberração de uma obra cuspida com lama...
Para satisfazer a cupidez do forasteirismo cruel, covarde e antipoético...

Santo Antônio de Jesus, 10 de setembro de 2015, às 2h 42min.

Era, talvez...

Era, talvez...

Era, talvez... apenas a eloquência torpe dos pensamentos frágeis, Uma tolerância quase patética, dos sonhos não formados, A espera era dolorosa... O desejo incontido do começo, de um tempo preterido na memória, Um lugar indulgente, quase indevido, Tamanha era a busca.. Do tudo, Do agora, Oh lúgubre fantasia! Outrora madrugada fria, No plural dos momentos Hoje quem sabe... um leve contentamento Anã Elizabeth Baade

Assim , Imperfeita como sou...

Assim , Imperfeita como sou...

Às vezes penso que perdi o jeito de escrever, Joguei tantas palavras no vento... Aí recolho alguns pedaços do meu corpo inconcluso, e nas entrelinhas que me sobraram, permito a mim rabiscar umas sílabas soltas e uma frase inexata , imperfeita, que me lembre quem eu sou, E se ainda assim alguém me ler, Sinta não só a minha essência, Mas perceba também a minha alma... Porque apesar dessa vida de enganos, faço dela um poema... Ana Elizabeth Baade

O Silêncio adormecido

                                                                                         

O Silêncio adormecido

O Silêncio Pois... afinal o silêncio adormecido no regalo da madrugada também amanhece, ainda sonolento, arregala os olhos e infiltra-se no calor do dia, manhoso, ele desafia a vida, e inerente àquela imensidão, ele grita! Ana Elizabeth Baade

Brumas Pálidas

                                                                           

Brumas Pálidas

Brumas pálidas lambiam os pés descalços, rodopiavam entre lágrimas e mares, tremula era a pétala encarnada, quando na boca, o néctar pueril da rosa desabrochava, palavras silenciadas esvoaçavam com o vento e plena de prazer... Sussurravam... Há minha amada!...Sonho-te... Sorvo teu perfume e no infinito, ofereço-te a face, desvaneço, faço-me beija-flor e beijo-te, dentro de mim, a rubra rosa sem pudor, me cravou, .´...És eterna... Ana Elizabeth Baade

Depois é amanhã

Depois é amanhã

Depois, é amanhã... Sim, e depois... Depois é amanhã, é talvez e minha alma assombra, depois habita a incerteza no vazio... Agora minha alma dorme acolhida no leito do silêncio, ela sossega no eterno e repousa no infinito que me cala... Ana Elizabeth Baade

Falar de amor, é não saber falar

                                                                         



Fala do amor, é como falar da eloquência dos sentidos, da retórica do sentir, falar de amor, é viver com a ausência das palavras e mesmo assim falar_se tudo, é o sentir sem tocar, é o verbo fazer sem ser feito, é ver sem olhar, é não saber e mesmo assim entender tudo, falar de amor, é não alcançar explicação óbvia para o que se sente e ainda assim ter um sentir tão intenso quanto a profundidade inalcançável do mar, é viver infinitamente todo o mistério da vida num único segundo, falar de amor, é não falar,  é simplesmente amar....

Ana Elizabeth Baade