terça-feira, 25 de março de 2014

Divertículos colônicos, diverticulose e diverticulite: que problema de saúde é esse afinal?

Divertículos colônicos, diverticulose e diverticulite: que problema de saúde é esse afinal?

24/03/2014 23:43 por Esteta Beleza e Arte em Saúde e lida 16 vezes.

Divertículos colônicos, diverticulose e diverticulite: que problema de saúde é esse afinal?

Dr. Silvio Gabor
A diverticulose, uma condição que se desenvolve quando se formam bolsas na parede do cólon, tem sido mais frequentemente diagnosticada. Ela afeta a maioria dos que atingem os 80 anos - uma parcela crescente da população - e impõe uma carga substancial de cuidados de saúde, mas, curiosamente, há uma falta de dados e muitas perguntas não respondidas em torno do início de sua formação.
O gastroenterologista Silvio Gabor (CRM-SP 47.042) esclarece que “o divertículo é uma saliência para fora da parede de uma víscera oca. No ocidente, 85% dos divertículos do aparelho digestório localizam-se no cólon sigmoide (porção final do intestino grosso). São classificados como hipotônicos (causados por afrouxamento dos músculos da parede do intestino) e hipertônicos (aumento da pressão no interior do cólon que força a parede intestinal para fora). A presença de inúmeros divertículos é a diverticulose. A inflamação do divertículo é a diverticulite”.
A edição de dezembro da Clinical Gastroenterology and Hepatology, revista oficial da Associação Americana de Gastroenterologia, preenche uma lacuna sobre a pesquisa em relação à diverticulose. Os quatro estudos a seguir oferecem uma nova visão sobre essa condição:
• "Prisão de ventre e uma dieta pobre em fibras não estão associadas com diverticulite" - Neste estudo transversal, a colonoscopia desafia as crenças atuais, revelando que nem a constipação, nem uma dieta pobre em fibras estão associadas diretamente a um aumento do risco de diverticulose;
• "O aumento do risco de Síndrome do Intestino Irritável após diverticulite aguda" - De acordo com esta pesquisa, os pacientes com diverticulite podem estar em risco de desenvolverem, posteriormente, a Síndrome do Intestino Irritável e outros distúrbios intestinais funcionais;
• "O risco de longo prazo de diverticulite aguda entre os pacientes com diverticulose incidental encontrados durante a colonoscopia" - Com base em um estudo realizado com dados do Veterans Affairs Greater Los Angeles Healthcare System, apenas cerca de 4% dos pacientes com diverticulosedesenvolvem diverticulite aguda em algum período de sua vida, contrariando a crença comum de que a diverticulose tem uma alta taxa de progressão para diverticulite;
• "Maiores níveis séricos de vitamina D estão associados com um risco reduzido de diverticulite" - Este estudo constata que, entre os pacientes com diverticulose, os níveis pré-diagnósticos mais altos de vitamina D no organismo estão associados significativamente com um menor risco de diverticulite. Estes dados indicam que a deficiência de vitamina D pode estar relacionada com o desenvolvimento da diverticulite.
Um pouco mais sobre a diverticulose
Silvio Gabor destaca que as novas pesquisas sobre a diverticulose são muito relevantes, pois a doença não costuma ter sintomas específicos, “ela pode se manifestar com desconforto abdominal, constipação intestinal, ou alterações do hábito intestinal, sendo muitas vezes diagnosticada por meio de uma colonoscopia ou tomografia, realizadas por outros motivos”, diz o médico.
“A diverticulite hipertônica leva a uma dor de forte intensidade e início súbito, normalmente em quadrante inferior esquerdo do abdome, acompanhada de constipação ou diarreia, febre, náuseas e vômitos. Se houver formação de pus no interior do divertículo inflamado, este pode perfurar e extravasar o seu conteúdo para a cavidade abdominal. Esse pus extravasado pode ficar localizado próximo ao ponto de perfuração (abscesso localizado) ou pode se espalhar pela cavidade abdominal (peritonite generalizada). A forma hipotônica manifesta-se com sangramento, podendo chegar a grandes perdas de sangue”, explica o médico, que também é professor assistente de Cirurgia Geral e do Trauma da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA).
O diagnóstico é feito por meio da história clinica relatada pelo paciente e pelo exame físico. “A forma hipertônica tem seu diagnóstico confirmado por tomografia, que mostra além do processo inflamatório, a presença ou não de ar ou pus extravasado e sua localização. A colonoscopia deve ser evitada durante a crise aguda por risco de perfuração do intestino durante o exame, mas tem papel importante no seu acompanhamento, após resolução do quadro agudo. A forma hipotônica é confirmada pela colonoscopia, que pode identificar o local do sangramento e muitas vezes controlá-lo”, explica o gastroenterologista.
O tratamento da diverticulite a princípio é clínico: dieta líquida e antibioticoterapia. “A cirurgia é indicada quando o tratamento clínico não resolve o quadro ou se houver perfuração. Alguns pacientes com quadros agudos de repetição, mesmo com boa resposta ao tratamento clínico, podem ter indicação de cirurgia. Essa operação visa remover o segmento comprometido do intestino. A cirurgia pode ser aberta ou por laparoscopia, a colocação ou não de colostomia e a necessidade de cirurgias múltiplas vai depender de cada caso e deve ser decisão tomada pelo cirurgião no momento da operação”, informa Silvio Gabor.

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