quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O que é a metadona?


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Produzida em laboratório, a metadona tem um efeito mais prolongado que a heroína, é um poderoso analgésico e é tomada apenas uma vez ao dia sem que o paciente tenha sintomas de "ressaca", sendo esta a sua grande propriedade. É administrada por via oral e permite um melhor controlo sanitário.
A metadona não causa danos físicos no cérebro, nos rins e nos ossos. Sintomas característicos do consumo de droga como dores de cabeça, diarreia, perda da libido, dificuldades em urinar, dores nas articulações ou nervosismo são aliviados com a sua administração. Nas mulheres os programas de substituição com metadona permitem normalizar o ciclo menstrual que o consumo de heroína desregra.
Mas a metadona pode causar obstipação, suores, pele irritada, hipersensibilidade hepática e perda de apetite. A metadona tem alto poder aditivo, ainda que este seja inferior ao da heroína. Por ser tóxica e poder gerar comportamentos a sua administração tem de ser cuidadosa e vigiada por técnicos. A toma de doses extra de metadona e a mistura com sedativos ou álcool aumentam o risco de overdose.
As vantagens da prescrição de metadona integrada em bons programas de tratamento são a redução do uso de droga ilícita, a diminuição do consumo de opiáceos ilegais, dos comportamentos criminosos e da mortalidade dos toxicodependentes. Além disso, os doentes organizam mais facilmente outros aspectos das suas vidas.
A metadona não tem os efeitos euforizantes da heroína. Como não produz os mesmos efeitos psicológicos e exige uma única dose diária é compatível com uma vida activa, estável e organizada. A maior estabilidade dos pacientes resulta da supressão dos sintomas do síndrome de abstinência e do acompanhamento psicoterapêutico incluído nos programas de tratamento. A administração legal também evita que os toxicodependentes estejam em contacto com pessoas e ambientes do consumo de heroína.
Os pacientes de programas de substituição com metadona podem aceder a programas de baixo, médio ou alto limiar. No baixo limiar é fornecida metadona e assistência médica e social básica. Destina-se a toxicodependentes a viver em condições muito degradadas, muitas vezes doentes e com um percurso muito longo. O objectivo é redução de danos e riscos. Se a evolução for boa poderão passar a programas de alto limiar. No médio limiar há seguimento médico e psicossocial. No alto limiar as normas são muito mais estreitas e o seu incumprimento pode levar à expulsão do programa. A oferta de cuidados de saúde é mais ampla que nos outros programas.
Em Portugal, os programas de substituição com metadona são, essencialmente, programas de alto limiar. Nos programas de alto limiar o grau de exigência com os pacientes é elevado. Existe controlo à urina para detectar a tomada de drogas. É também importante a ocupação em termos sociais, pois o programa de alto limiar serve de suporte para os pacientes terem um desempenho social. Discute-se a abstinência como fim possível.
As probabilidades de sucesso de um programa de substituição com metadona dependem muito do acompanhamento dado aos utentes. Os programas funcionam bem desde que não se entenda que a solução passa somente pela prescrição de metadona. Esta é apenas uma parte do tratamento que exige outras intervenções.
O programa é bom se houver apoio psicoterapêutico, reabilitação psicossocial e melhores cuidados de saúde. Se estas dimensões não estiverem presentes não se pode falar em tratamento.

A maior parte dos toxicodependentes não têm apenas um problema de dependência física e psíquica da heroína. Para além da dependência carregam muitas vezes situações de vida graves. A metadona não é uma cura por si só e, tratar estas pessoas não passa só pela sua prescrição. 

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