O Estado Islâmico no Iraque e na Síria (EIIS) procura, desde 2003, instituir um califado ao norte do Iraque, fundamentado no radicalismo islâmico.
Desde o início deste século (XXI), as atenções de autoridades políticas, jornalistas e estudiosos se voltam para o fenômeno do terrorismo fundamentado no “radicalismo islâmico”; sobretudo depois do ataque deflagrado contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, pela rede terrorista Al-Qaeda – então liderada pelo saudita Osama Bin Laden – e da subsequente guerra contra o regime de Saddan Hussein no Iraque, inciada em 2003, pelos Estados Unidos, sob o governo do então presidente George W. Bush.
O terrorismo é caracterizado pela ação violenta contra a população civil indefesa como forma de reivindicação de anseios políticos, geralmente fundamentados em disputa territorial, e conflitos étnicos e religiosos. Ao longo da história, esse fenômeno se fez presente em várias regiões do mundo. Dentre os casos mais notáveis, podemos citar, no continente europeu, os grupos IRA e ETA, que atuam na Irlanda e na Espanha, respectivamente. E no caso específico do Oriente Médio, a prática terrorista é empregada por diversos grupos e em países diferentes. Um desses grupos tem recebido, atualmente, atenção especial; trata-se do Estado Islâmico no Iraque e na Síria (EIIS). Em inglês – como é mais conhecido –, Islamic State in Iraq and Syria (ISIS).
Da mesma forma que outros grupos terroristas, o EIIS, geralmente conhecido apenas como Estado Islâmico, assenta sua ideologia, seus projetos e suas ações em interpretações radicais de princípios do livro sagrado do Islã, o Al Corão. A jihad, “guerra santa” para os muçulmanos, está na base dessas interpretações radicais. Sob o pretexto de expandir a fé islâmica e lutar contra o desvirtuamento dos valores tradicionais do Islã, o Estado Islâmico vem promovendo atentados na região norte do Iraque, fronteiriça com a Síria, desde a queda do governo autoritário de Saddan Hussein, em 2003, e das recentes tentativas de derrubada do governo de Bashar Al Assad, presidente da Síria, desde 2012.
Trecho do Al Corão em inglês referente à guerra santa dos muçulmanos, ou Jihad.
A formação desse grupo está ligada ao destino que a rede Al Qaeda tomou após os atentatos de 11 de setembro e às retaliações americanas. O Estado Islâmico, inicialmente, era um braço derivado da organização de Bin Landen, que atuava no Iraque, contra os americanos, e na Síria, contra Bashar Al Assad. Seu líder, Abu Bakr al-Baghadi, autoproclamou-se califa (título atribuído tradicionalmente a um governante muçulmano) em junho de 2014, separando-se efetivamente da Al Qaeda.
Sendo assim, o principal objetivo do grupo é consolidar na região referida um regime islâmico, nos moldes de um califado, isto é, um regime político que remeta aos sucessores do profeta Maomé e que siga preceitos político-religiosos derivados da lei islâmica, ou Sharia. Dentre esses preceitos destacam-se a privação da liberdade de expressão, a rejeição a condutas como a homossexualidade e a instituição de rígidas regras de conduta às mulheres, como o uso da burca – vestimenta tradicional que oculta completamente o corpo feminino.
As principais cidades dominadas pelo Estado Islâmico são Mossul, Tal Afar, Kirkuk e Tikrit, localizadas na fronteira entre Iraque e Síria. Nessas cidades também conviviam com a população islâmica iraquiana grandes contingentes de cristãos que, perante a ascensão desse grupo radical islâmico, tiveram que migrar para cidades vizinhas, por motivos de intolerância religiosa por parte do grupo terrorista que, não raro, promove massacres contra a população cristã.
Apesar de ser um grupo terrorista caracterizado por ações localizadas e sem aparentes conexões fora do Oriente Médio, o Estado Islâmico é considerado uma ameaça latente ao Ocidente e a países vizinhos que não professam a fé islâmica, como Israel, por exemplo.
Por Me. Cláudio Fernandes
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