quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Gildásio de Almeida Souza (Meu Amado Primo)


 

                        Gildásio de Almeida Souza        


                             [evangelhista da silva]

 


Era meu primo, Dazinho, o extremo do racional.
Uma Comédia Divina, não fosse trágico o seu fim
Lá nas bandas do Sul da Bahia, às margens do Rio Almada.

O cenário fora Coaraci, - um lugarejo acanhado e frio.
Entretanto, um tanto quente para se matar gente.
Gente estirada nas ruas às madrugadas e vista ao amanhecer.

Deixara Santo Antônio de Jesus, - a terra mãe estuprada
Para trabalhar naquelas plagas cinzentas e montanhosas.
Em lá chegando, casara e descasara - O tempo é o Senhor.

Nasce a criança de quem padrinho sou, - o fruto de uma dúvida
E brutal incerteza de sê-lo pai - um inferno abala a sua vida.
Lembro-me de um dia Tê-lo dito que a vida é uma cachaça.

Cônscio, embora constantemente encachaçado, negara-me
A infeliz filosófica em mal traduzir o existir de infinda mágoa,
Em meio a um silêncio ensurdecedor que lhe destruía su'alma.

Assim, como uma criança espancada sob a maldição do coturno,
Partira o meu amado primo para o desconhecido mundo,
Deixando para mim ao certo, a incerteza da verdade.

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