terça-feira, 6 de agosto de 2013

Caso Amarildo: Divisão de Homicídios intima policial militar da UPP da Rocinha

Caso Amarildo: Divisão de Homicídios intima policial militar da UPP da Rocinha

  • Delegado Rivaldo Barbosa investiga informação de que tio do policial teria levado um corpo em um caminhão para o lixão do Caju
  • Ajudante de pedreiro desapareceu no dia 14 de julho
O delegado Rivaldo Barbosa da DH (de camisa branca) esteve na Rocinha para investigação do desaparecimento de Amarildo neste sábado / Foto: Marcos Tristão / O Globo
O delegado Rivaldo Barbosa da DH (de camisa branca) esteve na Rocinha para investigação do desaparecimento de Amarildo neste sábado / Marcos Tristão / O Globo
RIO - O delegado Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios (DH), afirmou, neste sábado, que já intimou o policial militar Juliano da Silva Guimarães, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, a prestar depoimento sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza. O PM teria informado à polícia anteriormente que um tio dele, motorista da Comlurb, fora abordado por bandidos na Rocinha e obrigado por eles a levar um corpo para o lixão do Caju, 14 dias depois do desaparecimento de Amarildo.
Barbosa esteve na favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, neste sábado, e conversou com moradores. Segundo o delegado, a polícia foi à comunidade para fazer perícia complementar às investigações e novas intimações para depoimentos.
De acordo com o delegado, serão ouvidas neste sábado mais três testemunhas, além das oito que prestaram depoimento na sexta-feira.
Ao todo, 25 policiais participaram da ação na Rocinha. Entre eles, dois delegados e três peritos.
— Não descartamos nenhuma hipótese nas investigações. O caso está comigo há apenas 40 horas. Estamos começando um diálogo com os moradores da região — afirmou Barbosa.
Os peritos da Polícia Civil terão dificuldade para encontrar o corpo que teria sido jogado na Estação de Transferência de Resíduos do Caju e levado em seguida para o Aterro de Sanitário de Seropédica. Segundo a Comlurb, o material lançado no Caju não passa mais de 24 horas no local. Por isso, foi levado para o Centro de Tratamento de Seropédica, onde o lixo é tratado, aterrado e coberto com argila, para evitar mau cheiro e não atrair vetores.
Para encontrar o corpo, a polícia terá que procurar o material numa extensa área do aterro,que foi depositado lá no dia 28 de julho em diante. O local trata o lixo do município do Rio e de outras cidades da Baixada Fluminense.
Segundo a assessoria de comunicação da Comlurb, os motoristas e caminhões que servem a companhia são terceirizados. A orientação da companhia é que a empresa recolha o lixo e leve à estação do Caju. A Comlurb informou ainda que não sabe informar qual a empresa era responsável pela Rocinha.
Amarildo de Souza desapareceu no dia 14 de julho, depois de ser levado por policiais para a sede da UPP da Rocinha. Os veículos da unidade estavam com o GPS desligado na noite em que ocorreu o caso, o que impossibilita que a Polícia Civil possa verificar, agora, se algum dos veículos fez um caminho suspeito ou deixou a comunidade.
A Polícia já havia informado que, naquela noite, não estavam funcionando duas das câmaras de monitoramento da UPP que poderiam confirmar a versão do comandante da unidade, major PM Édson dos Santos, de que Amarildo deixou o local a pé, descendo as escadas de acesso à Rua Dioneia.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/caso-amarildo-divisao-de-homicidios-intima-policial-militar-da-upp-da-rocinha-9341075#ixzz2bEB5F3d4
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ESCREVA BEM E CORRETAMENTE

20 DICAS PARA ESCREVER BEM:

1. Evite repetir a mesma palavra, porque essa palavra vai se tornar uma palavra repetitiva e, assim, a repetição da palavra fará com que a palavra repetida diminua o valor do texto em que a palavra se encontre repetida!

2. Fuja ao máx. da utiliz. de abrev., pq elas tb empobrecem qquer. txt ou mensag. que vc. escrev.

3. Remember: Estrangeirismos never! Eles estão out! Já a palavra da língua portuguesa é very nice! Ok?

4. Você nunca deve estar usando o gerúndio! Porque, assim, vai estar deixando o texto desagradável para quem vai estar lendo o que você vai estar escrevendo. Por isso, deve estar prestando atenção, pois, caso contrário, quem vai estar recebendo a mensagem vai estar comentando que esse seu jeito de estar redigindo vai estar irritando todas as pessoas que vão estar lendo!

5. Não apele pra gíria, mano, ainda que pareça tipo assim, legal, da hora, sacou? Então joia. Valeu!

6. Abstraia-se, peremptoriamente, de grafar terminologias vernaculares classicizantes, pinçadas em alfarrábios de priscas eras e eivadas de preciosismos anacrônicos e esdrúxulos, inconciliáveis com o escopo colimado por qualquer escriba ou amanuense.

7. Jamais abuse de citações. Como alguém já disse: “Quem anda pela cabeça dos outros é piolho”. E “Todo aquele que cita os outros não tem ideias próprias”!

8. Lembre-se: o uso de parêntese (ainda que pareça ser necessário) prejudica a compreensão do texto (acaba truncando seu sentido) e (quase sempre) alonga desnecessariamente a frase.

9. Frases lacônicas, com apenas uma palavra? NUNCA!

10. Não use redundâncias, ou pleonasmos ou tautologias na redação. Isso significa que sua redação não precisa dizer a mesmíssima coisa de formas diferentes, ou seja, não deve repetir o mesmo argumento mais de uma vez. Isso que quer dizer, em outras palavras, que não se deve repetir a ideia que já foi transmitida anteriormente por palavras iguais, semelhantes ou equivalentes.

11. A hortografia meresse muinta atensão! Preciza ser corrijida ezatamente para não firir a lingúa portuguêza!

12. Não abuse das exclamações! Nunca!!! Jamais!!! Seu texto ficará intragável!!! Não se esqueça!!!

13. Evitar-se-á sempre a mesóclise. Daqui para frente, pôr-se-á cada dia mais na memória: “Mesóclise: evitá-la-ei”! Exclui-la-ei! Abominá-la-ei!”

14. Muita atenção para evitar a repetição de terminação que dê a sensação de poetização! Rima na prosa não se entrosa: é coisa desastrosa, além de horrorosa!

15. Fuja de todas e quaisquer generalizações. Na totalidade dos casos, todas as pessoas que generalizam, sem absolutamente qualquer exceção, criam situações de confusão total e geral.

16. A voz passiva deve ser evitada, para que a frase não seja passada de maneira não destacada junto ao público para o qual ela vai ser transmitida.

17. Seja específico: deixe o assunto mais ou menos definido, quase sem dúvida e até onde for possível, com umas poucas oscilações de posicionamento.

18. Como já repeti um milhão de vezes: evite o exagero. Ele prejudica a compreensão de todo o mundo!

19. Por fim, Lembre-se sempre: nunca deixe frases incompletas. Elas sempre dão margem a

JB Oliveira"

Do mural de Carlos Eugênio Junqueira Ayres

Delação anônima: os requisitos para sua admissão no processo penal

Delação anônima: os requisitos para sua admissão no processo penal

Imagine a situação. Você descobre que seu vizinho é um criminoso de alta periculosidade, foragido da Justiça e, além de tudo isso, amigo de policiais corruptos. Você decide denunciar o paradeiro do bandido, mas será que faria isso se tivesse que se identificar?


Imagine a situação. Você descobre que seu vizinho é um criminoso de alta periculosidade, foragido da Justiça e, além de tudo isso, amigo de policiais corruptos. Você decide denunciar o paradeiro do bandido, mas será que faria isso se tivesse que se identificar?
Ir até a polícia e noticiar o ocorrido pode ser uma sentença de morte. Nesse contexto, nasce naturalmente a delação anônima, uma eficiente ferramenta a serviço da sociedade. Importância que se evidencia na criação e implementação, cada vez maior, de instrumentos como o disque-denúncia.
Esse pensamento, entretanto, não é unanimidade no universo jurídico. Alguns operadores do direito questionam a legalidade da denúncia anônima. Como argumento, recorrem ao artigo 5º, inciso IV, da Constituição Federal, que prevê a livre manifestação do pensamento, mas veda o anonimato.
A jurisprudência tem mostrado, contudo, que, ainda que existam divergências sobre a constitucionalidade ou legalidade da delação anônima, a sua admissão no processo penal depende, exclusivamente, de uma questão procedimental adotada durante a investigação.
Inquérito policial
O procedimento investigativo tem início com a notitia criminis, que é a maneira como a autoridade policial toma conhecimento de um fato aparentemente criminoso. Quando a autoridade recebe uma denúncia de terceiros, fala-se em delatio criminis.
Na delatio criminis, qualquer pessoa do povo pode denunciar, mesmo que não esteja envolvida com a situação. Caso a denúncia seja anônima, estaremos diante de uma delatio criminis inqualificada.
Ao receber a denúncia anônima, a autoridade policial terá que se convencer, primeiro, da veracidade dos fatos narrados e isso é feito por meio das investigações preliminares que deverão ser realizadas antes da abertura do inquérito. Convencida de que há indícios de infração penal, a autoridade deverá, então, dar seguimento ao procedimento formal.
Nos julgados do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é possível observar que, uma vez seguido esse procedimento, não há que se falar em inconstitucionalidade da delação anônima.
Confirmada a justa causa, ou seja, indícios de autoria e materialidade do crime, o delegado de polícia deverá, então, instaurar o inquérito. O que não se deve é determinar a imediata instauração deste sem que seja confirmada a verossimilhança dos fatos.
Diligências preliminares
Em recente julgamento de habeas corpus, a Quinta Turma do STJ analisou o caso de um réu denunciado por tráfico de drogas mediante delação anônima (HC 227.307).
Nas investigações preliminares, foram realizadas interceptações telefônicas que confirmaram a denúncia. A defesa, entretanto, alegou a nulidade da ação porque a interceptação telefônica teria sido proveniente de denúncia anônima, sem prévia investigação e sem a devida fundamentação.
A Turma negou o pedido. Em suas argumentações, a desembargadora convocada Marilza Maynard, relatora, disse não ignorar que a investigação não pode ser baseada exclusivamente em denúncia anônima, mas observou que, “do pedido de quebra de sigilo telefônico, formulado pela autoridade policial, extrai-se com facilidade que foram realizadas diligências preliminares objetivando averiguar a verossimilhança das denúncias anônimas recebidas”.
Operação Albatroz
Outro exemplo bastante conhecido, e que deixa evidente essa posição da Corte a respeito da admissão da denúncia anônima, foi o caso da Operação Albatroz, deflagrada em agosto de 2004, que desbaratou uma quadrilha acusada de fraudar licitações em Manaus (HC 38.093).
Uma denúncia anônima revelou todo o esquema fraudulento à polícia. Diversos procedimentos, como quebra de sigilos telefônicos e bancários, foram adotados e a polícia conseguiu reunir farto material incriminador.
Para o ministro Gilson Dipp, relator do processo, não se pode falar em inconstitucionalidade do procedimento por ter sido deflagrado após uma delação anônima, porque esta não foi a condição determinante para a instauração do inquérito, mas sim o que foi apurado durante a investigação preliminar.
É o que também sustenta o ministro Og Fernandes. Para ele, uma forma de tornar harmônicos os valores constitucionais da proteção contra o anonimato e da supremacia da segurança e do interesse público é admitir a denúncia anônima “desde que tomadas medidas efetivas e prévias pelos órgãos de investigação, no sentido de se colherem elementos e informações que confirmem a plausibilidade das acusações anônimas”
(HC 204.778).
Dever de agir
A ministra Maria Thereza de Assis Moura destacou ainda, em processo de sua relatoria, que a autoridade policial tem o dever de apurar a veracidade dos fatos. Então, uma vez que a autoridade pode agir de ofício, o anonimato se torna irrelevante se o resultado das diligências efetuadas apontarem justa causa (REsp 1.096.274).
Se todos os procedimentos de investigações preliminares forem executados de forma correta, à luz da legislação, e os fatos apurados de forma consistente, a origem da denúncia não terá importância, pois a autoridade policial terá o poder-dever de agir.
Recurso eficiente
Foi graças a uma denúncia anônima que a polícia prendeu o último suspeito de participar da morte da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, queimada viva em São Bernardo do Campo (SP), no final de abril.
Também foi depois de uma denúncia não identificada que a polícia do Rio de Janeiro prendeu, em julho, Orlando Cézar Conceição, o Mocotó, suspeito de chefiar o tráfico de drogas no Morro da Casa Branca, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Mocotó é acusado de tráfico de drogas e diversos homicídios, e tinha 11 mandados de prisão.
Não é difícil perceber o prejuízo que sofreria a sociedade se o estado fosse privado desse recurso tão eficiente para elucidação de crimes. Como bem destacou o ministro Gilson Dipp, ao se referir a entendimento do Supremo Tribunal Federal em relação à admissão da denúncia anônima no processo penal: “Não se pode ignorar a existência de um fato ilícito somente em função da procedência do conhecimento deste” (HC 38.093).
A notícia refere-se aos seguintes processos: HC 227307HC 204778;  REsp 1096274;  HC 38093.
Fonte: STJ, 04 ago. 2013.

O Amor é Lindo!...
















                                                                                

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Histórias de amor à vida

Histórias de amor à vida
Conheça abaixo depoimentos de pessoas que fazem parte da história da Fundação Pró-Rim. São relatos que nos emocionam e nos fazem buscar, cada dia mais, a excelência em tudo o que realizamos.

31/07/2013
Tais Silva dos Santos
Internet auxilia pacientes renais na busca por um transplante 


Orkut já não é tão utilizado ultimamente, mas em 2008 fez toda a diferença na vida de Tais Silva dos Santos, 29 anos. Recém transplantada (2 meses) na época a gaúcha de Bagé (RS) começou a interagir em uma comunidade de renais crônicos e conheceu a Fundação Pró-Rim.

Nesta fase Tais já havia perdido a função dos rins devido à síndrome de Alport, também conhecida como nefrite hereditária. “Assim como eu as pessoas buscavam ajuda e isso me aproximou do Carlinhos, André e Lucélia que também precisavam de umtransplante renal”, recorda.

Tais acompanhou os 3 amigos pela Internet quando eles decidiram vir morar em Joinville e fazer o cadastro pela Pró-Rim para a lista de espera de Santa Catarina. Vibrou ao saber que André e Carlinhos depois de alguns meses foram transplantados, mas optou por continuar com a mãe em Bagé.

Enquanto aguardava por um novo rim, Tais continuava as sessões de diálise, mas também enfrentava um drama familiar. Sua irmã mais velha Liesl, tinha a mesma doença e já estava em tratamento dialítico há 12 anos.

“Tive que parar meus estudos, minha vida e ver minha irmã naquele estado aguardando por tanto tempo me deixava sem esperanças. Então quando a Lucélia também conseguiu transplantar vi como um sinal e decidi me organizar e procurar ajuda na Pró-Rim”, desabafa.

Novas esperanças

Depois de meses guardando dinheiro Tais reuniu tudo o que podia e veio para Joinville no final de 2012. Recebida pela equipe multidisciplinar da Fundação, com a qual já havia feito contato anteriormente, começou a fazer os primeiros exames de compatibilidade e receber todas as orientações necessárias.

Há 2 dias na cidade recebeu a notícia de que sua irmã havia falecido. Mesmo sofrendo com a perda e desacreditada, encontrou em Lucélia forças para continuar lutando, além de abrigo, pois elas dividiram a mesma casa.

Para piorar a situação, no inicio de 2013 a mãe de Tais também precisou de hemodiálise, pois foi diagnosticada com a mesma doença das filhas e ainda teve que encarar uma cirurgia cardíaca.

Tais viajou até Bage para acompanhar a mãe que infelizmente não sobreviveu. Abalada emocionalmente em meio a todos os trâmites de uma morte, de um tratamento complexo e da doença que enfrentava diariamente, um telefonema transformou a vida de Tais, ela iria receber um novo rim.

Contra o tempo

“Fiquei muito feliz com a notícia e não sabia se chorava, se saia correndo, se pegava um avião ou vinha de carro. Foi uma loucura e confusão muito grande na minha cabeça saber que depois de perder minha mãe e irmã meu destino seria diferente, eu poderia ter uma nova vida”, desabafa.

A decisão foi vir de carro com o namorado e o irmão. Tais precisava lutar contra o tempo, pois se demorasse muito poderia perder o transplante. Eles saíram de Bagé no dia 15 de maio às 1h30 da madrugada.

Depois de 1.000 quilômetros rodados sem descanso e 12 horas de viagem o grupo chegou ao Hospital Municipal São José, em Jonville, às 13h15 do mesmo dia.

Tais ainda teve que dialisar por 3 horas antes de entrar para a cirurgia e receber o novo rim, depois de 3 anos de espera no Rio Grande do Sul e apenas 5 meses em Santa Catarina.

Tais da Silva Santos, hoje prefere ser chamada de Tais Leisl em homenagem à irmã que lutou tanto pela vida em uma máquina de diálise.

Ela é um exemplo de superação principalmente emocional depois de passar por tantas provações. Hoje a jovem não sabe se voltará para a cidade onde nasceu ou se permanecerá em Joinville. O mais importante  ela já conseguiu para continuar seus sonhos, um novo rim.
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quarta-feira, 31 de julho de 2013

PMs devem ser interrogados hoje durante segundo julgamento do massacre do Carandiru

Júri começou na segunda-feira; 26 policiais respondem pelo homicídio de 73 presos


Do R7
Os PMs respondem por homicídio doloso (com intenção de matar) Marcelo Camargo/ABr
Os 26 policiais militares acusados de matar 73 presos no episódio conhecido como massacre do Carandiru devem ser interrogados a partir desta quarta-feira (31). De acordo com o Tribunal de Justiça, o julgamento — que começou na segunda-feira (29) — deve retornar a partir das 10h de hoje, no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista. Os PMs respondem pela morte de detentos no terceiro pavimento (2º andar) da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992.
No segundo dia do júri, os jurados ouviram no plenário o ex-secretário de Segurança, Pedro Franco de Campos, e o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho. Além deles, mais duas testemunhas protegidas prestaram depoimento.

Em seu depoimento, Luiz Antônio Fleury Filho, governador de São Paulo na época do massacre, defendeu a entrada da Polícia Militar como necessária para combater a rebelião no pavilhão nove. Ele reafirmou que não deu a ordem para a invasão, mas disse que o faria se tivesse sido necessária. Além de defender a ação da PM, Fleury falou a favor da sua polícia de segurança pública na época.
— No meu governo, preso não jogava futebol com cabeça de preso. Nossa política sempre foi de austeridade e firmeza nas ações.
Pedro Franco de Campos também defendeu reiteradamente a ação da Polícia Militar para conter o que ele chamou de “caos” no pavilhão nove da Casa de Detenção.
— O gigantismo da rebelião e o risco de ela passar para outros pavilhões justificava a invasão.
A defesa ainda exibiu dois vídeos com depoimentos dos desembargadores Luiz San Juan França e Ivo de Almeida. França era juiz da Vara das Execuções Criminais da Capital em 1992, ano em que 111 detentos da então Casa de Detenção de São Paulo foram mortos após a entrada da Tropa de Choque da Polícia Militar para conter uma rebelião na unidade prisional. Já Almeida era corregedor dos Presídios da Capital na época dos fatos.
Os militares respondem por homicídio doloso (com intenção de matar) qualificado (motivo torpe, meio cruel, dificultação de defesa e acobertamento de outro crime).
Primeiro dia  
O primeiro dia foi marcado pela dispensa de sete das oito testemunhas da acusação. Apenas o perito criminal Osvaldo Negrini foi interrogado. Ele disse ter visto um “mar de cadáveres” e presenciado um “rio de sangue” ao chegar à Casa de Detenção no dia 2 de outubro de 1992. O depoimento de Negrini começou por volta das 14h10 e terminou pouco depois das 16h30.
— Encontrei um mar de cadáveres em um espaço de 36 a 40 metros quadrados. Ali, contei 90 cadáveres empilhados. Da escada descia uma gosma avermelhada escura, que eles [policiais] diziam ser óleo, mas eu cheguei mais perto e notei que era sangue, um rio de sangue descia.
Relembre o caso
O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no Pavilhão 9. Com a confusão, a Tropa de Choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta. A ação deixou 111 mortos.
Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses, 84 foram acusados de homicídio.
Após Carandiru, massacre continua atrás dos muros das prisões, diz Pastoral Carcerária
Em abril de 2013, 26 policiais militares foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no segundo pavimento do pavilhão nove no massacre do Carandiru. Após sete dias de julgamento, a maioria foi condenada por homicídio qualificado — com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Naquela ocasião, seis homens e uma mulher formaram o Conselho de Sentença.
Dos 26 policiais, 23 foram condenados a 156 anos de prisão, inicialmente, em regime fechado. Os réus receberam a pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes dos 13 detentos. Os condenados poderão recorrer em liberdade. Outros três PMs foram absolvidos pelo júri, que acatou o pedido feito pela acusação.
Antes deles, Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém, um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.
Dezessete testemunhas foram convocadas. Onze de acusação e seis de defesa Do total, 12 eram aguardadas no tribunal, enquanto as outras cinco teriam vídeos dos seus depoimentos apresentados no plenário. Entre elas, estão o ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho e o secretário de Segurança na época do massacre, Pedro Franco de Campos.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

FEIRA DE SANTANA - TERRA SEM LEI E CELEIRO DA IMPUNIDADE.




FEIRA DE SANTANA - TERRA SEM LEI E CELEIRO DA IMPUNIDADE.

São contabilizados cerca de 2 assassinatos por dia em Feira ou 60 por mês, perfazendo cerca de 720 homicídios por ano.

Pois bem, desses 720 crimes contra a vida pouco mais de 20% são esclarecidos pela policia... Mas o escândalo não fica apenas nesse fato... Em nossa cidade, tomando por base o ano de 2012, foram realizados apenas, em média, dois Juris por mês ou 24 por ano, ou seja, pouco mais de 3% dos crimes de homicídio foram levados à juri para que os culpados pagassem pelo crime que cometeram.

A Vara do Juri de Feira, que deveria processar apenas os casos de crimes contra a vida, acumula ainda a responsabilidade pelos crimes relacionados ao trafico de tóxicos e execução penal... Os processos se acumulam em pilhas intermináveis sem qualquer diligencia...

ESTAMOS 8 MESES SEM JUÍZES, TANTO NAS VARAS CÍVEIS, DE FAMÍLIA, CRIME OU DO JURI... o que vale dizer que nenhum Tribunal do Juri foi realizado nesse período, salvo engano.

Também nesse período poucos processos foram julgados envolvendo crimes de outras especies como roubos, furtos, estupros, etc...

O que causa a nossa indignação é que nenhuma autoridade ou politico, independentemente do partido politico, se preocupa com essa situação, preferindo uma omissão criminosa!!!

Penso que a Justiça é também uma questão de Direitos Humanos e um estado importante como a Bahia que negligencia dessa forma com a sua atribuição de prover a entrega da prestação jurisdicional aos seus cidadãos e a sociedade não merece nosso respeito. O Tribunal de Justiça da Bahia tem se mostrado indiferente e desinteressado com a Comarca de Feira de Santana ao longo dos últimos anos.

A IMPUNIDADE É A MÃE DE TODOS OS DELITOS!!!

Os Filhos do Silêncio

Arquivos do Autor:Márcio Hilário

Sobre Márcio Hilário

"Trata-se de um homem complexo, incoerente e caprichoso, em quem se reuniam opostos elementos, qualidades exclusivas, e defeitos inconciliáveis" (Machado de Assis)

Os filhos do silêncio

 
 
 
 
 
 
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Foto - Sebastião Salgado
Foto: Sebastião Salgado
Muito antes de aprendermos nossa língua pátria, já não falávamos em nossa não língua mátria. Nascidos dos ventres do silêncio, os quais nos carregaram mudos em nossas caladas gestações, nunca escutamos como fomos fecundados, porque também isso não nos foi dito. Calamo-nos quando das palmadas das parteiras, dos golpes do destino, das pancadas da vida e dos açoites do tempo. O não dizer é tudo com que nos comunicamos desde antes de nascermos para um mundo dominado pela palavra.
Nosso silêncio fez mais do que nos calar a boca, encurtou-nos os gestos, atrofiou-nos o movimento, ressecou-nos a boca, apagou-nos os olhos, matou-nos a alma. Na terra dos incansáveis oradores, fomos educados, enfim, para ter as orelhas baixas, os olhos caídos, o peito arqueado e a espinha dobrada. Obedecemos prontamente a todos os discursos proferidos por quem acima de nós se pôs. Quanto aos outros, só lhes podemos antecipar as pisadas, enfiando-nos por entre as solas de seus sapatos e o chão.
Em nossa boca de fome, se uma língua pendente há, é para lamber-lhes as botas. Nossa falta de dentes – nascida quem sabe da impossibilidade de sorrir – é que nos impede de morder as mãos que nos desalimentam. Não podemos reagir. Não devemos reagir. Não é certo! E ademais, para que reagir se o que poderíamos dizer nunca será ouvido? O que não se ouve não se entende. O que não se entende não se aplica. E o que não é aplicado não nos restitui a voz. E sem voz e sem vez, continuaremos assim esperando… o norte, a sorte, o corte, a morte. Tudo no mais completo e absoluto silêncio… baixinho… calado… sem incomodar ninguém.

Atos dos protestos, 13

Atos dos protestos, 13

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1. E entrou Jesus no pátio que dava ao templo e viu inúmeros camelôs da fé. 2. Vendiam tudo, desde meias abençoadas até pacotes de peregrinação. 3. Os doze black blocs que o acompanhavam começaram a se agitar. 4. “Ide”, disse o Senhor, “e quebrai as barracas dos vendilhões”. 5. “Demorô”, disse Thiago, um de seus black blocs.
6. E em procissão o povo não acreditava no que via. 7. Expulsava Jesus os mercadores da fé sem piedade. 8. Em meio ao tumulto e à baderna, choravam os donos das barracas. 9. “Sem vandalismo!”, gritavam os fiéis de dentro do templo. 9. “Eu não vim trazer a paz a terra, senão a espada”, respondia o Mestre, em meio à agitação. 10. Continuava o protesto e viu Jesus aproximar-se os centuriões de César.
11. Quem é o líder? Quem vamos prender? Adornava ódio nos olhos dos centuriões. 12. “Temos, pois, ordens de nosso César, que nos disse: 13. Ide e prendei os vândalos! 14. Restaurai a ordem e expulsai o povo, para que possamos governar pela vontade de Roma”. 15. Fizeram, então, os centuriões um bloqueio à passagem nas vias.
16. Gritava o povo, já incontrolável, palavras contra César; 17. Irritou-se Judas, um dos black blocs, de quem pendia uma fita preta presa ao pulso, com aqueles centuriões. 18. Acendeu, então, um cântaro incendiário, e arremessou-o contra os guardas. 19. Revidava a legião enfurecida, com golpes contra o povo. 20. E correram todos, a buscar um lugar seguro para unirem-se.
21. Passada hora, senta-se o Senhor em uma pedra e chama os discípulos à renuião. 22. Onde está Amarildo? Chamou o Senhor por várias vezes sem resposta. 23. Dirigiu-se então um dos seguidores e disse-lhe: 24. “Mestre, irmão Amarildo não está entre nós, foi sumido pelos centuriões.”25. Mas, já era tarde, e todos nas ruas choravam apenas pelas barracas quebradas no templo.
26. Em um instante, adentrou a legião de centuriões, vindo a deter Jesus. 27. “Recolhei o barbudo, ele atacou-nos com o fogo”, diziam os soldados. 28 E, no mesmo momento, saía Judas por entre os militares, conseguindo escapar de sua captura. 29. Jesus, deixando-se levar, avisou aos discípulos: 30. “Mas fácil um camelo passar por um buraco de agulha, que algum desses putos ser reeleito.”
31. Temerosos pelo futuro, os discípulos buscavam uma última palavra. 32. “Mestre, e teus ensinamentos? E tua igreja? Quem vai levar tua palavra?” 33. O Mestre, pronto à condenação, respondeu candidamente: 34. “Olhai para aqueles que falarão em meu nome e percebei a riqueza de seus palácios, eles enganar-vos-ão. 35. Haverá os que gritam dentro de ternos e gravatas e aqueles que usam branco e falam manso; eu, em verdade, vos digo nenhum me representará.”

MEEIRO OU HERDEIRO???

O Cônjuge ou convivente sobrevivente é meeiro ou herdeiro ?

O Código Civil corrigiu uma distorção que vinha acarretando prejuízos de caráter irreversível ao Cônjuge ou Convivente Sobrevivente.
Com a morte de um deles, a Ordem da sucessão segundo o artigo 1289 do CC, passou a ser a seguinte.: Descendentes, Ascendentes, Cônjuge Sobrevivente, Conviventes(art. 1790 do CC) e Colaterais.
Antigamente o Cônjuge Sobrevivente só tinha direito a MEAÇÃO dos bens. Hoje , além da condição legítima de MEEIRO, passou o Cônjuge sobrevivente ou Convivente a integrar também a condição de concorrer com o quinhão atribuído aos herdeiros.
Isto significa que com o falecimento de um dos Cônjuges ou de um dos Conviventes (Regime de União Estável), o Sobrevivente além da condição de MEEIRO, passou a ser também Herdeiro, concorrente com os herdeiros deixados pelo falecido na outra metade da herança.
Todavia, na qualidade de casados, importa salientar que a condição de herdeiro do Cônjuge Sobrevivente nem sempre ocorrerá, pois se o cônjuge sobrevivo era casado sob o regime da comunhão universal, separação obrigatória de bens ou casado no regime da comunhão parcial e o cônjuge falecido não deixou bens particulares não concorrerá à outra metade da herança com os demais herdeiros. Considerando a complexidade da matéria, haverá sempre necessidade de consultar um Advogado, pois cada caso é um caso, servindo portanto essa breve matéria para alertar aos leitores de seus direitos na sucessão, seja na condição de casado ou ou de União Estável( que no caso da herança é até mais vantajoso).
(DR. ROQUE Z em 05/07/12)

domingo, 28 de julho de 2013

Colonoscopia

Colonoscopia

Drauzio Varella


No futuro, ninguém morrerá de câncer do intestino.
Primeiro, porque tumores malignos localizados no intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) são raríssimos; depois, porque as lesões que se desenvolvem no intestino grosso (cólon, sigmoide e reto) podem ser retiradas pela colonoscopia ainda na fase pré-maligna.
Na maioria dos casos, o câncer de intestino se instala em lesões precursoras que adquirem a forma de pequenos cogumelos com pedículos de comprimento variável: os pólipos.
Em sua apresentação inicial, eles são formados por arranjos glandulares de arquitetura muito semelhante à da mucosa normal: são os pólipos adenomatosos ou adenomas. À medida que o processo de transformação progride, esses adenomas podem crescer e suas células se tornarem cada vez mais alteradas, para constituir os pólipos hiperplásicos.
Ao longo desse processo de multiplicação e de transformação celular, eventualmente, ocorrem as mutações de DNA características das células malignas. Só, então, surge o câncer de intestino, que mais tarde se disseminará para outros órgãos.
Nos últimos trinta anos, os avanços na tecnologia das fibras ópticas permitiram obter fibroscópios flexíveis capazes de visualizar a mucosa que vai do reto à válvula ileocecal, local em que o íleo desemboca no intestino grosso.
Os fibroscópios modernos não possibilitam apenas acesso visual às lesões da mucosa, estão acoplados a pinças cortantes que permitem retirá-las. A colonoscopia, portanto, não é simples exame diagnóstico; é procedimento cirúrgico capaz de evitar o aparecimento do câncer de cólon.
Embora seguro, o exame não é desprovido de riscos: em cada 1.000 procedimentos, um a dois pacientes sofrem complicações que vão de sangramentos a perfurações da parede intestinal.
Além disso, há a questão dos custos, a necessidade de anestesia e de pessoal treinado e o desconforto do preparo com laxantes para esvaziar completamente o conteúdo intestinal.
Por essas limitações, a prevenção por meio da colonoscopia não deve ser indicada aleatoriamente, mas ater-se às situações em que existe risco maior de desenvolver câncer de cólon.
Por exemplo, os que sofrem de doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn, retocolite ulcerativa e outras) devem submeter-se ao exame com maior frequência. Famílias que apresentam vários membros com múltiplos pólipos intestinais (polipose familiar), também.
Além desses e de outros grupos de risco menos comuns, os parentes de primeiro grau de mulheres e homens que tiveram câncer de cólon, precisam ser acompanhados com mais cuidado, a partir de uma idade mais precoce. Embora não haja unanimidade, a maioria dos especialistas aconselha que o primeiro exame nesses casos seja realizado cinco a dez anos antes da idade em que o parente mais jovem recebeu o diagnóstico.
Aqueles que não pertencem a nenhum grupo de risco nem tiveram parentes com câncer de cólon devem fazer a primeira colonoscopia entre os 50 e os 55 anos, idade em que o risco se torna significativo. Se nesse exame forem encontrados e retirados um ou mais pólipos, a colonoscopia deverá ser repetida no ano seguinte.
Há discordância, no entanto, quanto ao intervalo ideal para a repetição nos casos em que o exame anterior foi normal. Pesquisadores da Universidade de Indiana acabam de publicar um estudo no The New England Journal of Medicine, sobre essa questão.
Em mulheres e homens com idade média de 56,7 anos, os autores realizaram 2.436 colonoscopias em que nenhum pólipo foi encontrado. Num período médio de 5,34 anos, o exame foi repetido.
Nesse segundo exame, um ou mais adenomas pequenos foram encontrados em 16% dos casos; e adenomas maiores do que 1 cm, em 1,5%. Não houve um caso sequer de câncer de cólon.

Conclusão: repetir colonoscopias de resultado normal antes de 5 anos é exagero de indicação. A American Cancer Society vai mais longe: sugere que nessa eventualidade elas sejam repetidas 10 anos mais tarde.

Seios Caídos

(evangelista da silva)


Certamente, amigo, estes seios hoje caídos e em pele puros,
Antes sugados foram com ternura pelo seu amado, amante, -marido...

Em seguida, por filhos sustentados, jorraram leite, amor e vida.

Hoje, despedindo-se da vida - , esta mãe, esposa, mulher, amada, amante, irmã e amiga...
Com a mente ativa, o corpo desfeito e os olhos do rosto sem luz,
Acena com um Adeus à vida dando um exemplo: as mais belas flores murcham...

Eu, que em sua juventude, sequer nascido era...

Posso imaginar que aos 90 anos atrás esta senhora, - linda sereia...
Cheia de encantamentos era...

Neste momento vejo o passado com os olhos no presente...
E uma menina deusa a saltitar com o seu riso e seus encantos...

Também vejo em minha filha, apenas com 11 anos - , a imagem desta senhora no passado...

E, imortalizada esta estrela deusa e senhora; mãe, esposa e amiga,
Desejo a minha filha; a fé, a honra, a coragem, respeitabilidade,
beleza e amor a Deus, - a Cristo, a seus irmãos e vida...

Santo Antônio de Jesus, 30 de agosto de 2.002

sábado, 27 de julho de 2013

Milton Nascimento - Coração de Estudante


Chacina do Carandiru não fica impune

Chacina do Carandiru não fica impune

Vinte e três PMs foram condenados a 156 anos de prisão pela morte de 13 presos do Carandiru Cristina Christiano
cristinamc@diariosp.com.br
Arquivo / Diário SPTropa de Choque foi à Casa de Detenção para conter rebelião em 1992Tropa de Choque foi à Casa de Detenção para conter rebelião em 1992


Quase 21 anos depois da maior chacina do país, 23 policiais militares foram condenados a 156 anos de prisão pela morte de 13 dos 15 presos do segundo pavimento do Pavilhão 9, em 2 de outubro de 1992. Ao todo, 111 detentos morreram durante o Massacre do Carandiru. Os jurados absolveram outros três PMs a pedido do Ministério Público porque nenhum deles se encontrava no local.
A sentença foi lida à 1h15 deste domingo pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão, ao final de seis longos e cansativos dias de trabalhos no Fórum da Barra Funda. Os réus foram condenados por homicídio qualificado por emprego de recurso que dificultou a defesa das vítimas e inobservância da regra técnica da profissão, combinado com os artigos 29 (concorrer ao crime) e 69 (quando, por ação ou omissão, se pratica dois ou mais crimes). O magistrado, porém, considerou “absurdo” falar em crime continuado.
O juiz calculou a pena de cada réu pelo mínimo de 12 anos, porém, multiplicada 13 vezes (o número de vítimas). “Não há nada que desabone a conduta dos réus para não ser aplicada a pena mínima”, disse.
Em sua sentença, o magistrado determinou que a pena seja cumprida em regime inicialmente fechado. Contudo, apesar do longo tempo, os réus poderão recorrer em liberdade porque se encontravam soltos. O mandado de prisão contra eles só será expedido após o trânsito em julgado da sentença, ou seja, quando se esgotarem todas as possibilidades de recursos em instâncias superiores. Mesmo assim, as leis brasileiras só permitem que a pessoa fique, no máximo, 30 anos na cadeia. No caso deles, após cumprir um sexto poderão pedir progressão de regime.
Os jurados entenderam que os PMs não tiveram participação na morte de outros dois presos atingidos a facadas.
Especialistas divergem sobre a sentença do Tribunal do JúriPara o deputado estadual e major da PM Olímpio Gomes (PDT), a condenação foi lamentável e contraria à expectativa da população. Ele espera que seja revertida em segunda instância. “Quem ganhou foram os bandidos, que estão comemorando.”
O deputado criticou o perito Osvaldo Negrine, a quem qualificou de novelista. “Me envergonho de tê-lo como policial.  Ele fez uma perícia equivocada e cheia de incongruência.”  Ele também reclamou dos promotores por terem colocado sob suspeita as decisões da Justiça Militar.
Na opinião do advogado Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos,  apesar de tardia e com poucos efeitos práticos em relação ao cerceamento de liberdade dos réus, a sentença é um importante recado da sociedade e da Justiça de que não é aceitável que policiais promovam fuzilamentos .
Para ele, a sentença tem efeitos pedagógicos no sentido de demonstrar que polícia eficiente não é a que executa pessoas, independente de quem seja, mas a que promove contenção em rebelião, previne e apura crimes.
Advogada diz que condenação não reflete a opinião do povo
A advogada Ieda Ribeiro de Souza, que defendeu os  26 réus, saiu do tribunal nitidamente surpresa com a decisão. “Não esperava nenhuma condenação.  Vejo o resultado com frustração porque  não reflete o pensamento da sociedade. Foram quatro votos a um.  Um único jurado definiu sozinho o futuro desses homens”, disse. E anunciou que já recorreu.
Ieda afirmou que vai pedir  anulação do júri, sob alegação de que a decisão  contraria as provas dos autos.  Para ela,  a partir de agora os PMs vão pensar mais antes  de agir após uma ordem.
Já os promotores  Fernando Pereira  da Silva e Márcio Friggi se disseram “muito satisfeitos”  com a sentença.  “É uma resposta que a sociedade dá no sentido de reconhecer  que houve uma massacre  na Casa de Detenção”, acredita Pereira.
Para Márcio Friggi, a condenação é um indicativo de que a sociedade não pactua com os maus profissionais.  “O policial militar que age de forma criminosa deve ter a sua conduta apurada e ser responsabilizado”, comentou. Friggi e Pereira não acreditam na possibilidade de anulação do júri.
OS 28 RÉUS
CondenadosCapitão Ronaldo Ribeiro dos Santos
Tenente Aércio Dornelas Santos
Sargento Wlandekis Antônio Cândido da Silva
Sargento Marcos Antônio de Medeiros
Sargento Antônio Luiz Aparecido Marangoni
Cabo Marcelo José de Lira
Soldado Joel Cantílio Dias
Soldado Pedro Paulo Oliveira Marques
Soldado Gervásio Pereira dos Santos Filho
Soldado Paulo Estevão de Melo
Soldado Haroldo Wilson de Mello
Soldado Roberto Yoshio Yoshikado
Soldado Fernando Trindade
Soldado Salvador Sarnelli
Soldado Argemiro Cândido (foragido)
Soldado Elder Tarabori
Soldado Antonio Mauro Scarpa
Soldado Roberto do Carmo Filho
Soldado Zaqueu Teixeira
Soldado Osvaldo Papa
Soldado Reinaldo Henrique de Oliveira
Soldado Sidnei Serafim dos Anjos
Soldado Marcos Ricardo Poloniato
AbsolvidosMaurício Marchese Rodrigues
Eduardo Espósito
Roberto Alberto da Silva
Já falecidosLuciano Wukschitz Bonani
Valter Ribeiro da Silva
Comandante absolvido por desembargadoresO homem que deu a ordem para a Rota invadir o Pavilhão 9, o coronel Ubiratan Guimarães, foi condenado a 632 anos pelo Tribunal do Júri, mas absolvido por unanimidade em segunda instância, em 2006.  No mesmo ano foi assassinado.
Mais quatro julgamentos previstos até dezembroAs 111 mortes no Pavilhão 9  estão previstas para serem julgadas a cada três meses.  Os próximos júris  serão o dos 78 mortos do terceiro pavimento, sendo que um PM responde por cinco delas e será julgado sozinho, oito do quarto e dez do quinto.
Condenações abrem jurisprudência no casoJuristas acreditam que a  condenação de 24 dos 79  envolvidos no massacre cria uma jurisprudência no Tribunal do Júri que deverá ser seguida nos próximos julgamentos.  Dificilmente, a partir de agora, os acusados  conseguirão a absolvição.

Lara Fabian - Je suis Malade


Vozes D'Africa (Antônio Frederico de Castro Alves)

VOZES D’ÁFRICA

Deus! ó Deus onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?
Ha dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde, desde então, corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia,
— Infinito: galé!...
Por abutre — me deste o Sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé...

O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino,
E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.

Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos harens do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.

Por tenda tem os cimos do Himalaia...
O Ganges amoroso beija a praia
Coberta de corais...
A brisa de Misora o céu inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama,
— Pagodes colossais...

A Europa é sempre Europa, a gloriosa!...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!...

Sempre a láurea lhe cabe no litígio...
Ora uma c’rôa, ora o barrete frígio
Enflora-lhe a cerviz.
O Universo após ela — doudo amante —
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.

Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
Talvez... p’ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão...

E nem tenho uma sombra na floresta...
Para cobrir-me nem um templo resta
No solo abrasador...
Quando subo às pirâmides do Egito,
Embalde aos quatro céus chorando grito:
“Abriga-me, Senhor!...”

Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal, que volve
O siroco feroz...
Quando eu passo no Saara amortalhada...
Ai! dizem: “Lá vai África embuçada
No seu branco Albornoz...”

Nem vêem que o deserto é meu sudário
Que o silêncio campeia solitário
Por sobre o peito meu.
Lá no solo onde o cardo apenas medra
Boceja o Esfinge colossal de pedra
Fitando o morno céu.

De Tebas nas colunas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas
O horizonte sem fim
Onde branqueja a caravana errante
E o camelo monótono, arquejante
Que desce de Efrain...

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível
De vingança e rancor?...
E que é que fiz senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?!...

Foi depois do Diluvio... Um viandante,
Negro, sombrio, pálido, arquejante,
Descia do Arará...
E eu disse ao peregrino fulminado:
“Cão!... serás meu esposo bem amado...
— Serei tua Eloá...”

Deste este dia o vento da desgraça
Por meus cabelos ululando passa
O Anátema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas
E o nômada faminto corta as plagas
No rápido corcel.

Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir — judeu maldito —
Trilho da perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d'Europa — arrebatada —
Amestrado falcão!...

Cristo! embalde morreste sobre um monte...
Teu sangue não lavou da minha fonte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal...

Hoje em meu sangue a América se nutre
— Condor que transforma-se em abutre
Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais... irmã traidora
Qual de José os vi irmãos outrora
Venderam seu irmão.

Basta, senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p'ra os crimes meus!...
Há dois mil anos... eu soluço um grito...
Escuta o brado meu lá no infinito
Meu Deus! Senhor, meu Deus!...

S. Paulo, 11 de junho de 1868.

O NAVIO NEGREIRO (Antônio Frederico de Castro Alves)

1
O NAVIO NEGREIRO

Tragédia no Mar



’Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — doirada borboleta —
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta!
’Stamos em pleno mar...Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias
— Constelações do líquido tesouro...
’Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dois é o céu? Qual o oceano?...
’Stamos em pleno mar...abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem?... Onde vai?... Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste Saara os córceis o pó levantam
Galopam, voam, mas não deixam traço
Bem feliz quem ali pode nest' hora
Sentir deste painel a majestade!...
Embaixo — o mar... em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meus Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! Ó rudes marinheiros
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! Esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia...
Orquestra — é o mar que ruge pela proa,
E o vento que nas cordas assobia...
2
Porque foges assim, barco ligeiro?
Porque foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu, que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviatã do espaço!
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas...



Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?...
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! Que a noite é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como um golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
Às vagas que deixa após.
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de languor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor.
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente
— Terra de amor e traição —
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos do Tasso
Junto às lavas do vulcão!
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou —
(porque a Inglaterra é um navio
que Deus na Mancha ancorou)
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando orgulhoso histórias
De Nelson e de Aboukir.
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir...
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga iônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
3
Versos que Homero gemeu...
...Nautas de todas as plagas...!
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu....

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais, ainda mais.... não pode o olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador
Mas que vejo eu ali... que quadro de armarguras!
Que cena funeral cantar!... Que tétricas figuras!...
Que cena infame e vil!... meu Deus! Que horror!



Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres , suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas, espantadas
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.
E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja... se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri
No entanto o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“ Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”
4
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da roda fantástica a serpente
Faz doudas espirais!
Qual num sonho dantesco as sombras voam...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...



Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! porque não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós,
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?... Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa musa,
Musa libérrima, audaz!
São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz.
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão...
Homens simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos,
Sem ar, sem luz, sem razão...
São mulheres desgraçadas
Como Agar o foi também
Que sedentas, alquebradas
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N' alma – lágrimas e fel.
5
Como Agar sofrendo tanto
Que nem o leite do pranto
Têm que dar para Ismael...
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram — crianças lindas,
Viveram — moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus...
... Adeus! ó choça do monte!...
... Adeus! palmeiras da fonte!...
... Adeus! amores... adeus!...
Depois o areal extenso...
Depois, o oceano de pó...
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p’ra não mais s’erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d’amplidão...
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... Cum’lo de maldade,
Nem são livres p’ra... morrer...
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim roubados à morte,
Dança a lúgubre coorte
6
Ao som do açoite... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar, porque não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...



Existe um povo que a bandeira empresta
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio!... Musa! chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do Sol encerra,
E as promessas divinas da esperança...
Tu, que da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu na vaga,
Como um íris no pélago profundo!...
... Mas é infâmia demais... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

S. Paulo, 18 de Abril de 1868.

Maldito é um povo que a bandeira empresta para cobrir tanta infâmia e covardia

Chacina da Candelária completa 20 anos com autores soltos

Crime faz duas décadas no momento em que se inicia a Jornada Mundial da Juventude. Enquanto todos os condenados estão em liberdade, vítimas e ativistas lutam para que tragédia não caia no esquecimento.
Eram 23h43 daquele 23 de julho de 1993 quando um grupo de homens mascarados abriu fogo contra mais de 70 crianças e jovens que dormiam em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Oito morreram, e os que sobreviveram ainda sofrem com as sequelas da violência.
Duas décadas depois, um dos crimes mais atrozes da história do Rio parece cair no esquecimento– e a sensação é de impunidade. A investigação da Chacina da Candelária, como o massacre ficou conhecido, levou à condenação de três policiais militares.
Considerado o principal responsável, Marcus Vinícius Emmanuel Borges recebeu indulto da Justiça e foi liberado após 18 anos de prisão. O Ministério Público do Rio recorreu da sentença, e o indulto acabou sendo suspenso. Desde então, ele é considerado foragido. Os outros dois condenados – Marcos Aurélio Dias Alcântara e Nelson Oliveira dos Santos Cunha – receberam penas superiores a 200 anos, mas também foram indultados e hoje estão soltos.
Ofuscada pela visita do papa
Em meio ao tumulto provocado pela visita do papa Francisco, a lembrança da tragédia da Candelária acabou ofuscada. Enquanto a abertura do festival católico reuniu mais de 500 mil peregrinos na praia de Copacabana, faltou público para o evento em memória das vítimas do massacre.
"Esse crime brutal de repercussão planetária completa 20 anos coincidentemente no dia em que estamos pedindo vida para os jovens, mais oportunidades de trabalho", diz o padre Marco Lázaro, da paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, no bairro de Botafogo.
O jovem padre franciscano faz pregações para os ouvintes da Rádio Catedral durante as madrugadas. Ele dedicou o programa de terça-feira (23/07) às vítimas da Candelária.
"A vigília deve ser um grande momento de oração e também um momento para dizer a este mundo carioca tão bonito que ainda há muita coisa feia aqui, como o desprezo às crianças", afirmou Lázaro.
O "lado feio" de muitas grandes cidades brasileiras é comprovado pelas estatísticas. De acordo com o Censo, em 75 cidades com mais de 300 mil moradores havia 23.973 crianças e adolescentes morando nas ruas em 2011. A maioria são garotos entre 12 e 15 anos. O estado com maior número de meninos e meninas de rua é o Rio de Janeiro (5.091 jovens), seguido por São Paulo (4.751) e Bahia (2.313).
Trauma ainda vivo
Uma semana antes da abertura da Jornada Mundial da Juventude, ONGs realizaram uma missa em homenagem às vítimas. Assim como fizeram na época da chacina, eles colocaram uma cruz em frente à Igreja da Candelária – desta vez, a cruz usada na Jornada – para lembrar os jovens mortos 20 anos atrás.
"Todo ano, a gente realiza uma atividade aqui na Candelária para não cair no esquecimento da população. A gente quer que isso [chacina] não aconteça mais, mas sempre acontece", lamenta Patrícia de Oliveira, irmã do sobrevivente Wagner dos Santos, após participar da celebração.
Na época do massacre, Wagner tinha 20 anos. Na ação, o rapaz foi arrastado por policiais militares para dentro de um carro, alvejado e depois solto. Juntamente com um amigo, ele teria atirado pedras contra o para-brisa de uma viatura.
Depois de sofrer um atentado em 1994, Wagner, principal testemunha da chacina, entrou num programa de proteção e há 19 anos mora na Suíça. Ele ainda tenta superar várias sequelas da violência e sofre de envenenamento por chumbo, decorrente dos fragmentos de bala que ficaram alojados sem eu corpo.
O padre Marco Lázaro espera que o papa Francisco se recorde da tragédia da Candelária e de suas vítimas durante a Jornada Mundial da Juventude. "A Igreja deve ser mais proativa, mais ousada na sua missionaridade, mostrar que está atenta aos problemas sociais. Sem substituir o Estado, a Igreja pode ter uma presença social mais efetiva", afirma Lázaro.
Com suas pregações, ele diz pretender mostrar que o trabalho da Igreja não está limitado a sacramentos e música. "O papa Francisco está fazendo essa voz ecoar muito bem", opina.