A América Latina cresceu economicamente, nos últimos dez anos, quase 5% por ano. O Brasil faz parte desse boom econômico, sendo hoje a sétima economia mundial. Mas crescimento econômico, nos países extremamente desiguais, não significa diminuição da violência (e da criminalidade). A região (América Latina) apresenta a média de 28,9 mortes para cada 100 mil habitantes. A média brasileira é de 26,6 mortes. Nossa crise não é, para grande parcela da população, econômica. A aguda crise brasileira é social, moral e ética. A primeira (social) afeta os discriminados; as duas últimas atingem a quase totalidade da população.
Em razão dos nossos avanços econômicos, na década 1998/2008 houve uma forte diminuição na taxa de mortalidade infantil no Brasil, preservando-se 26 mil vidas. Porém, no mesmo período, foram assassinados 81 mil adolescentes entre 15 e 19 anos de idade. Eis o paradoxo: vidas preservadas na primeira idade, vidas massacradas em seguida. De acordo com o Datasus, em 2009, a taxa de adolescentes, com idade entre 12 e 17 anos que foram vítimas de homicídio foi de 19,1 a cada 100 mil habitantes da mesma faixa etária. Significa dizer que, a cada dia, são assassinados, em média, 11 adolescentes (idade entre 12 e 17 anos) no Brasil (essa taxa se mantém estável desde 2004). Portanto, a realidade aqui é ainda mais grave. A taxa de mortalidade dos “adolescentes-jovens” foi de 43,2 a cada 100 mil habitantes, representando a morte de 19 pessoas por dia. Considerando que a taxa nacional foi de 26,6 homicídios a cada 100 mil habitantes, constata-se que a taxa de mortalidade dos adolescentes é quase o dobro da taxa de mortes geral por 100 mil habitantes no Brasil. O Brasil, além de ser o país mais homicida do mundo em números absolutos (51 mil mortes em 2009), no desenvolvimento da sua guerra civil não declarada, vem constantemente exterminando seus adolescentes e jovens, ou seja, o seu futuro. É louvável comemorar a diminuição das mortes das crianças na sua primeira idade, contudo, ainda não vivemos num país que garanta a sua vida na década seguinte. Enquanto alguns lutam para preservar a vida dessas crianças e adolescentes, outros não param de acionar o canhão do extermínio discriminatório. *LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Acompanhe meu Blog. Siga-me no Twitter. Assine meu Facebook. **Advogada e Pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes. |
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