Como a Nasa se prepara para um eventual impacto de asteroide na Terra
A agência espacial americana simulou a chegada de um asteroide à Terra; cientistas de diferentes partes do mundo enfrentaram o desafio de evitar a colisão devastadora do objeto com o planeta.
2 mai 2019
07h04
Um asteroide se aproxima rapidamente da Terra. Mede entre 100 e 300
metros e, se atingir nosso planeta, liberará até 800 mil quilotoneladas
(800 milhões de toneladas) de energia, provocando uma destruição sem
precedentes.
O cenário é, de fato, apocalíptico. Mas que fique claro: não é real. Ainda assim, só imaginar isso é assustador.
A quantidade de energia liberada por esse asteroide poderia alcançar o
equivalente a até 53 bombas de Hiroshima. Lançada pelos Estados Unidos
contra o Império do Japão já no final da Segunda Guerra Mundial, a bomba
atômica tinha "apenas" 15 toneladas.
Data marcada
A Rede Nacional de Alerta de Asteroides (IAWN, na sigla em inglês)
calculou que um asteroide poderia passar muito perto da Terra em oito
anos - mais precisamente no dia 29 de abril de 2027 - e estimou haver
10% de chance de o objeto destruir o planeta.
Diante dessa ameaça, cientistas tiveram que correr para evitar uma catástrofe sem precedentes.
Calma. Como dissemos lá em cima, todo esse panorama é fictício. Ele faz
parte de um exercício que mobilizou, na semana passada, astrônomos de
diferentes partes do mundo.
A Conferência de Defesa Planetária, convocada pela Academia
Internacional de Astronáutica em Washington, nos EUA, reuniu
pesquisadores para simular como reagir ao cenário fictício criado pela
Nasa, a agência espacial americana.
Os especialistas tiveram que elaborar estratégias preventivas para o
caso de algum dia um asteroide se aproximar, de forma real e perigosa,
da Terra.
"Essa é uma ameaça que pode acontecer, ainda que seja muito pouco
provável", disse Paul Chodas, diretor do Centro de Estudos de Objetos
Próximos à Terra, da Nasa, (CNEOS, na sigla em inglês), à rede americana
NPR. Foi Chodas o responsável pelo exercício.
"Nosso objetivo é seguir todos os passos necessários", disse Chodas,
referindo-se ao cenário real de um asteroide se aproximando da Terra.
Missão: salvar o planeta
Segundo Chodas, o objetivo da simulação era ajustar o sistema de tomada
de decisões e encontrar a melhor forma de enfrentar uma ameaça desse
tipo.
Ainda que o prazo de oito anos para tomar uma decisão assim pareça
longo, Chodas adverte que, na realidade, é muito pouco tempo.
Assuntos de defesa planetária, explica Chodas, são muito diferentes de
missões espaciais, em que pesquisadores escolhem qual asteroide querem
analisar. "É o asteroide que te escolhe", disse Chodas, referindo-se à
missão de evitar uma colisão com a Terra.
O desafio dos astrônomos que se reuniram em Washington era calcular com
precisão as características do asteroide e, a partir daí, propor
medidas práticas.
Entre as possíveis estratégias para salvar a Terra estavam desviar sua
trajetória com uma nave espacial ou com uma explosão nuclear.
De acordo com o CNEOS, o desafio maior era desviar a rota do objeto sem parti-lo em pedaços, que poderiam cair sobre a Terra.
Estamos em risco?
De acordo com a Nasa, diariamente caem sobre a Terra cerca de 100
toneladas de material interplanetário. A maioria desse material é pó
liberado por cometas.
Contudo, a cada 10 mil anos em média, existe a possibilidade de que
asteroides com mais de 100 metros atinjam a Terra e causem desastres
localizados ou ondas capazes de inundar zonas costeiras.
A Nasa também estima que uma vez em "vários milhares de anos" um
asteroide com mais de 1 km poderia se chocar com o nosso planeta.
Se isso acontecesse, a violência do impacto lançaria escombros para a
atmosfera. Isso causaria chuva ácida, bloquearia parcialmente a luz do
sol e, depois de algum tempo, essas rochas voltariam a cair em chamas
sobre a Terra.
A tecnologia atual já permite identificar um objeto que se aproxima do planeta com vários anos de antecedência.
Mas, em todo caso, especialistas dizem que ninguém deveria se preocupar demais com o impacto de um asteroide.
O CNEOS esclarece que, neste momento, não se sabe de nenhum asteroide
que tenha uma "probabilidade significativa" de cair sobre a Terra nos
próximos 100 anos.
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