Digitais de Geddel são encontradas no local com malas de dinheiro
Prova liga ex-ministro aos mais de R$ 50 milhões achados em apartamento.
Durante 12 horas seguidas 20 pessoas se revezaram para contar as notas.
Os investigadores já conseguiram identificar as digitais de Geddel Vieira Lima no local onde estavam as malas de dinheiro. É mais uma prova que liga os mais de R$ 50 milhões ao ex-ministro do PMDB.
Oito máquinas de contar cédulas foram requisitadas de uma empresa de transporte de valores.
Vinte pessoas se revezaram na contagem durante 12 horas seguidas. Nas caixas, só notas de R$ 100. Nas malas, as de R$ 50. Uma delas estava cheia de dólares.
O total apurado nas malas e caixas apreendidas no apartamento foi de R$ 51,030 milhões. A Polícia Federal fez dois depósitos judiciais: um do valor em reais, quase R$ 43 milhões, e o outro da quantia em dólares, o correspondente a mais de R$ 8 milhões. Todo o dinheiro fica à disposição da Justiça e se for comprovado que a origem foi de recebimento de propina, será devolvido aos cofres da União.
O superintendente da Polícia Federal na Bahia, Daniel Madruga, que coordenou a operação no estado, diz que os policiais levaram um susto quando entraram no apartamento e viram tanto dinheiro.
“Esperavam documentos e foi uma supresa muito grande quando se viu o apartamento vazio e só aqueles volumes, aquelas malas e caixas cobertas apenas por um lençol”, conta.
As investigações sobre a origem do dinheiro ainda não foram concluídas.
JN: É normal se encontrar tanto dinheiro assim num apartamento vazio?
Daniel Madruga: Não. Se parar para pensar, quanto está se perdendo pela remuneração desse dinheiro se tivesse sido aplicado em qualquer investimento? Então, a perda que se tem por cada dia desse dinheiro parado é muito grande. Esses são indícios que apontam para ilicitude da origem.
Daniel Madruga: Não. Se parar para pensar, quanto está se perdendo pela remuneração desse dinheiro se tivesse sido aplicado em qualquer investimento? Então, a perda que se tem por cada dia desse dinheiro parado é muito grande. Esses são indícios que apontam para ilicitude da origem.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima está em prisão domiciliar em seu apartamento que fica em um prédio de um bairro nobre de Salvador. Ele é acusado de atrapalhar as investigações da operação Cui Bono?, uma das etapas da Lava Jato. Ele não usa tornozeleira eletrônica, porque a Bahia não tem o equipamento.
O Jornal Nacional tentou falar com o ex-ministro pelo interfone do prédio. “A síndica disse que não é permitido entrar para falar com ele”, disse o porteiro.
No prédio onde o dinheiro estava escondido, ninguém quer falar. Dono do apartamento 201, o empresário Sílvio Silveira prestou depoimento nesta quarta-feira (6) na Polícia Federal. Ele disse que agiu de boa-fé e confirmou que emprestou o apartamento ao ex-ministro Geddel para que ele guardasse objetos do pai, falecido no ano passado
Sílvio é sócio de uma construtora e réu em processos que investigam desvio de R$ 640 milhões da Ebal, Empresa Baiana de Alimentos, que faliu.
Geddel começou na vida pública aos 25 anos. Em 1984, foi diretor do Baneb, Banco do Estado da Bahia, onde respondeu a um processo por desvio de R$ 3 milhões.
Em 1991, se elegeu deputado federal pelo PMDB. Dois anos depois foi apontado como um dos “Anões do Orçamento”, grupo de deputados acusados de roubar os cofres públicos.
Começou a construir sua carreira de articulador político no governo Fernando Henrique Cardoso. Naquela época, foi um dos maiores críticos de Lula. Pouco tempo depois se tornou aliado e, em 2007, assumiu o Ministério da Integração Nacional.
Começou a construir sua carreira de articulador político no governo Fernando Henrique Cardoso. Naquela época, foi um dos maiores críticos de Lula. Pouco tempo depois se tornou aliado e, em 2007, assumiu o Ministério da Integração Nacional.
Em 2011, no governo Dilma, foi o vice-diretor de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal.
Em 2014, abandonou Dilma e fez campanha para o PSDB. Em 2015, ele foi para as ruas participar dos protestos contra a corrupção.
Amigo pessoal de Michel Temer, em 2016 Geddel virou ministro da Secretaria de Governo. Ficou seis meses no cargo. Saiu depois de ser acusado de pressionar o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, para que ele liberasse a construção de um prédio em uma área protegida pelo patrimônio histórico em Salvador.
O que dizem os citados
O advogado de defesa de Geddel Vieira Lima disse que não vai se manifestar.
Nós não conseguimos contato com Sílvio Silveira.
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