O mar é deserto.
Distante - bem longe,
Um homem pede socorro.
É um negro enloquecido
que clama em desespero
os gemidos e dores congestionados pelo tempo.
O vento sopra brando e suavemente acariciando os coqueirais.
As ondas soluçam e choram com o entardecer que de longe vem chegando.
Tudo traduz o sorriso da saudade e da solidão.
Eu, imantizado pelos azuis que fazem-me pasmar,
confundo a sinceridade do ceu com o olhar do infante
E não decifro qual dos hálitos o mais puro - da criança ou do mar.
Sadai, quanta misticidade invade meu ser.
Quanto amor se esconde nas matas, nas caatingas, nas restingas,
nos mangues, nos rios, mares e oceanos.
E o mar me confunde - e quanto pequeno descubro que sou.
E quanto amante reconheço que eu seria.
Difícil é amar os homens.
O ceu e o mar são eternas crianças.
O sol - o ocaso que desmaia e morre - sempre morre noutros dias.
Quanta poesia!
E eu, perdido e esquecido pelo tempo - encontro-me ao canto puro e orquestrado da Natureza.
E não resisto ao canto da saudade que valsa a solidão.
E como o crioulo pescador, que perdido e esquecido pela vida urra os queixumes e dor,
naufragado em chão duro encontro-me perdido em meio aos mistérios da Natureza e Vida.
Salvador, 1979.
In Poetas do Brasil, 1982, - Aparício Fernandes. RJ.
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