Dostoiévski
Fiódor
Mikhailovitch Dostoiévski nasceu em Moscou em 11 de dezembro de 1821, no
hospital onde seu pai, Mikhail Andriéievitch Dostoiévski, clinicava.
Mikhail, apesar de imprimir uma disciplina severa à família, incentivava
os sete filhos ao amor pela cultura. Em 1837, a mãe de Dostoiévski
morreu precocemente de tuberculose. A perda foi um choque para o pai,
que acabou mergulhando na depressão e no alcoolismo. Fiódor e seu irmão
foram então enviados à Escola de Engenharia, em São Petersburgo.
Em
1839, morreu o pai de Dostoiévski. As causas são controvertidas, e uma
das versões é que o pai – que tinha fama de avaro e de violento – foi
assassinado pelos servos enfurecidos com os maus tratos. Dostoiévski
culpou-se durante toda a vida pelo fato de, em várias ocasiões, ter
desejado a morte do pai. Essa questão da culpa, que acabou
transparecendo em sua obra, foi estudada por Sigmund Freud no famoso
artigo "Dostoiévski e o parricídio", de 1928.
Em
1843, concluiu os estudos de Engenharia e obteve o grau militar de
subtenente. Durante esses anos, dedicou-se à tradução, incluindo a obra
de Balzac, um autor que ele admirava. Em 1844 abandonou o exército e
começou a escrever a novela Pobre gente, obra que recebeu uma
crítica positiva no seu lançamento. Foi nesta época que contraiu dívidas
e sofreu o primeiro ataque epilético. À primeira obra, seguiram-se Niétotchka Niezvânova (escrito entre 1846 e 1849), Noites brancas (1848), entre outras, que não tiveram a mesma acolhida da crítica.
Enquanto
isso, Dostoiévski engajou-se na luta da juventude democrática russa
pelo combate ao regime autoritário do Tsar Nicolau I. Em abril de 1849
foi preso e condenado; em novembro do mesmo ano, acabou sentenciado à
morte pela participação em atividades antigovernamentais junto a um
grupo socialista. No dia 22 de dezembro, chegou a ser levado ao pátio
com outros prisioneiros para o fuzilamento, mas, na última hora, teve a
pena de morte substituída por cinco anos de trabalhos forçados na
Sibéria, onde permaneceu até 1854.
A experiência abalou profundamente o escritor, que iniciou o romance Memórias da casa dos mortos,
publicado em 1862. Alguns anos antes, Dostoiévski conheceu María
Dmítrievna Issáieva, viúva de um maestro, com quem se casou em 1857.
Retornou
a São Petersburgo em 1859, dedicando-se integralmente a escrever,
produzindo seis longos romances, entre os quais suas obras-primas Crime e Castigo (1866), O idiota (1869) e Os irmãos Karamazóv (1880). É também dessa época a criação da revista Tempo, em cujo primeiro número apareceu parte de Humilhados e ofendidos,
obra que também remete à sua experiência na Sibéria. A década de 1860 é
marcada por viagens pela Europa, período no qual conheceu sua grande
paixão, Paulina Súslova, que acabaria o traindo. Após a decepção
amorosa, Dostoiévski voltou para a esposa, que morreu logo depois.
Solitário, endividado e tendo que sustentar a família do irmão recém-falecido, o escritor ditou O jogador
para a sua secretária, Anna Grigórievna, com quem se casaria depois da
recusa de Paulina em reatar o relacionamento. O livro é um sucesso e
colabora para restabelecer suas finanças. Logo depois de publicar Crime e castigo,
viajou com a nova mulher para Genebra onde nasceu a primeira filha que
morreu logo em seguida. A partir de 1873, passou a editar a revista Diário de um escritor, na qual publicava histórias curtas, artigos sobre política e crítica literária.
Em
1880 participou da inauguração do monumento a Aleksandr Pushkin, em
Moscou. Na ocasião, pronunciou um memorável discurso sobre o destino da
Rússia. No dia 8 de novembro do mesmo ano, em São Petersburgo terminou
de redigir Os irmãos Karamazóv, em São Petersburgo. Morreu em fevereiro de 1881.
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