sábado, 4 de julho de 2020

Largo da Palma (evangelhista da silva)





Largo da Palma



[evangelhista da silva]




Tarde de sábado.

O silêncio mistura-se ao passado

Que ainda vive na simplicidade dos casarios

A mais pura e doce harmonia.


A preguiça das ladeiras,


O acanhamento das calçadas,


Tudo são marcas de outrora.

Por essas ladeiras negros subiram e desceram como burros maltratados.

No vai-e-vem de sofrer e cansaço, pisando nessas pedras em pés descalços,

Brotaram calos e mais calos - nos pés e alma. Doce injustiça.

Observe em sua volta. E observe com carinho.

De um lado, Roma ergue-se envergonhada;

D'outro, o Instituto de Letras caindo aos pedaços - entrega-se a velhice em desespero.

Além, lá no alto, lá em baixo, puteiros desmoronam-se em prantos.

É a antítese da vida: humanos abandonados; desamor, luxúrias, encantos, injustiça e 

desencantos.

Aqui, no barzinho da esquina, tudo se confunde:

Samba, cachaça, Roma, bichas, capitalistas, senhoras e Putas...

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