sábado, 23 de abril de 2011

pode causar rouquidão temporária ou permanente. Por isso, o cirurgião deve ter muito cuidado
para evitar esta complicação rara (1-2%), mas grave.
A paratormona (PTH) é uma hormona segregada nas
glândulas paratiróides (Figura 5) que regula os níveis de
cálcio e fósforo no sangue. As paratiróides são geralmente
em número de quatro e situam-se, cada uma junto de cada
polo da tiróide, muito perto desta glândula. São muito
pequenas e passam facilmente despercebidas se não forem
identificadas no início da cirurgia. A sua irrigação é a mesma
da tiróide, pelo que inadvertidamente, pode haver lesão dos
vasos sanguíneos que lhes levam o sangue, quando se
laqueiam os vasos da tiróide. Se isso acontece, o doente pode ficar com deficiência de PTH
temporária ou permanente, o que leva a um quadro clínico de hipoparatiroidismo. O
hipoparatiroidismo é um estado em que existe uma diminuição da secreção ou da actividade da
PTH. Como consequência, os níveis de cálcio diminuem (hipocalcemia) e os valores do fósforo
aumentam (hiperfosfatemia). Os sintomas podem ser ligeiros: formigueiros nas mãos, dedos e
à volta da boca, ou graves: cãibras musculares que podem levar a tetania (cãibras
generalizadas de vários músculos) ou mesmo convulsões (muito raro).
O tratamento baseia-se na administração de suplementos de cálcio e de vitamina D, que ajuda
à absorção de cálcio pelo intestino. Por vezes existe também deficiência de magnésio, o que
obriga a prescrever magnésio. Durante o internamento, quando os níveis de cálcio atingem
valores muito baixos, pode ser necessário administrar cálcio por via injectável.
Cuidados pós-operatórios
O doente é mantido sob vigilância dos sinais vitais (tensão arterial, pulso, frequência
respiratória, temperatura, débito urinário) nas primeiras horas a seguir à cirurgia.
A evolução da ferida operatória é verificada. De início, o doente sente um ligeiro "inchaço da
garganta", pode referir dor e enjoo, mas é-lhe prescrita medicação para alívio desses sintomas.
São pesquisados os sintomas e sinais clínicos de baixa de cálcio: "formigueiros" e "picadelas"
das mãos e face. Em caso de dúvida o enfermeiro ou o médico pode pesquisar o sinal de
Trousseau, que consiste em insuflar o aparelho de medir a tensão arterial até níveis acima da
tensão máxima. É positivo se provocar uma contratura dos dedos.
Pode ser necessário colher sangue para determinação dos níveis de cálcio.
Na noite a seguir à cirurgia, o doente já deve poder ingerir dieta líquida ou ligeira e levantar-se
da cama.
Após a alta
• O doente pode andar, comer e beber.
• A incisão operatória deve ser mantida limpa (pode tomar banho com uso do chuveiro
no local).
• É possível conduzir passados 2-3 dias e regressar ao emprego dentro de 5-7 dias, se
não existirem complicações.
• O cirurgião marca consulta pós-operatória para breve.
• São pedidas análises de função tiroideia a curto prazo.
• Nos casos de cirurgias mais alargadas é necessário tomar hormona da tiróide em
comprimidos para substituir aquela que é fabricada pela tiróide que foi removida,
excepto nos casos de malignidade em que pode ser preciso esperar pela realização de
cintigrama e/ou tratamento com iodo 131 para iniciar a medicação.

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