domingo, 5 de janeiro de 2020

Mundo reage ao assassinato de Soleimani pelos EUA



Mundo reage ao assassinato de Soleimani pelos EUA

 


Numa escalada de violência de alta intensidade, Washington aumenta sua presença militar na região e recebe críticas de todos os lados.


Os Estados Unidos anunciaram ontem que vão enviar mais três mil militares para o Oriente Médio após o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani. De acordo com fontes do Departamento de Defesa, citados pela Associated Press sob condição de anonimato, os efetivos pertencem à 82.ª Divisão de Paraquedistas de Fort Bragg, no Estado da Carolina do Norte.
Aqueles efetivos somam-se aos cerca de 700 soldados da 82.ª Divisão que foram enviados para o Kwait no início desta semana após a invasão do complexo da embaixada dos Estados Unidos em Bagdá.
O reforço da presença militar norte-americana começou a tomar forma após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter feito os primeiros comentários sobre a ataque ao declarar que ordenou a morte de Soleimani porque este “planejava matar muitos americanos”.
Qassem Soleimani morreu ontem num ataque aéreo contra o carro em que seguia em Bagdá que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos. No mesmo ataque morreu também o “número dois” da coligação de grupos pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular, além de outras seis pessoas.
O ataque já suscitou várias reações, tendo quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – Rússia, França, Reino Unido e China – alertado para o inevitável aumento das tensões na região e pedem às partes envolvidas que reduzam a tensão.

Tempos muito difíceis

No Irã, o sentimento é de resposta à agressão. O presidente e os Guardas da Revolução garantem que o país e “outras nações livres da região” vão agir. Também o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu vingar a morte do general e declarou três dias de luto nacional, enquanto o chefe da diplomacia considerou o assassinato “um ato de terrorismo internacional”.
Do lado iraquiano, o primeiro-ministro iraquiano demissionário, Adel Abdel Mahdi, advertiu que este assassínio vai “desencadear uma guerra devastadora no Iraque” e o grande aiatolá Ali al-Sistani, figura principal da política iraquiana, considerou a agressão “um ataque injustificado” e “uma violação flagrante à soberania iraquiana”.
A ação também violou as condições da presença militar dos Estados Unidos no Iraque, que deve respeitar a legislação que garanta a segurança e a soberania do Iraque, acrescentou. “O ataque violento ao aeroporto internacional de Bagdá na noite passada é uma violação insolente da soberania iraquiana e de acordos internacionais. Isso levou à morte de vários comandantes que derrotaram terroristas do Daesh (Estado islâmico)”, afirmou.
“Esses e outros eventos indicam que o país está caminhando para tempos muito difíceis. Exortamos todas as partes interessadas a se comportarem com autocontrole e a agir com sabedoria ”, prosseguiu. O presidente do parlamento do Iraque, Mohammed al-Halbousi, reforçou que o ataque “é uma flagrante violação da soberania e violação de acordos internacionais”.

Síria, Rússia, França e China

O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse que recebeu a notícia “com grande tristeza”. Ele afirmou que “o mártir Soleimani morreu enquanto servia seu país e o eixo de resistência”. “O povo sírio não esquecerá o apoio de Soleimani ao nosso lado, defendendo a Síria do terror”, destacou.
A Rússia disse que o assassinato dos Estados Unidos foi um “passo aventureiro”, que aumentará ainda mais a tensão no Oriente Médio. “Após o ataque dos Estados Unidos no Iraque e o assassinato de Soleimani, o mundo enfrenta uma nova realidade”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. “Soleimani serviu à causa da proteção dos interesses nacionais do Irão com devoção. Expressamos nossas sinceras condolências ao povo iraniano”, disse o ministério.
A França também reagiu ao assassinato, dizendo que seu assassinato tornou o mundo “mais perigoso”. A ministra da Europa na França, Amelie de Montchalin, disse que “acordamos para um mundo mais perigoso”. “Nessas operações, quando podemos ver uma algo em andamento, o que queremos acima de tudo é estabilidade “, acrescentou.
Segundo ela, o presidente Emmanuel Macron enfatizou que “todos os esforços da França, m todas as partes do mundo visam a garantir que estamos criando as condições para a paz ou pelo menos a estabilidade”.
A China também pediu que “os lados envolvidos, especialmente os Estados Unidos, mantenham a calma e exercitem restrições para evitar tensões crescentes”. “A China sempre se opôs ao uso da força nas relações internacionais”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang.

Inglaterra, Líbano e Turquia

O líder do Partido Trabalhista da oposição, Jeremy Corbyn, pediu à Grã-Bretanha que “resistisse às ações beligerantes e à retórica vinda dos Estados Unidos”. O ministro do Exterior britânico, Dominic Raab, pediu a todas as partes que reduzam a escalada de violência. “Após a morte de Soleimani, pedimos a todas as partes que reduzam a escala. Mais conflitos não são do nosso interesse”, disse ele.
O Ministério das Relações Exteriores do Líbano também se manifestou, pedindo que o país e toda a região sejam poupados de quaisquer repercussões. O Ministério das Relações Exteriores libanês também condenou o assassinato, chamando de violação da soberania iraquiana e uma escalada perigosa contra o Irão.
O Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse que o ataque aumentará a insegurança e a instabilidade na região. O Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que estava profundamente preocupado com as crescentes tensões, e que transformar o Iraque em uma área de conflito prejudicará a paz e a estabilidade na região.

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