sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Trechos de Cartas de H.P.B. aos Teosofistas Americanos





Desde que a Sociedade foi fundada, ocorreu uma mudança evidente no espírito da época. Aqueles que nos encarregaram de fundar a Sociedade previram essa onda de influência transcendental, que agora aumenta rapidamente, e sucede a onda anterior de mero fenomenalismo. Mesmo os jornais espíritas estão gradualmente eliminando o fenômeno e os prodígios, para substituir por filosofia. A Sociedade Teosófica guia a vanguarda deste movimento; mas, ainda que as idéias Teosóficas tenham penetrado todo desenvolvimento ou forma que a despertante espiritualidade tenha assumido, ainda assim a Teosofia pura e simples tem ainda uma batalha severa para lutar por reconhecimento. Os dias de outrora passaram para não retornar nunca mais, e muitos são os Teosofistas que, ensinados por experiência amarga, devotaram-se a fazer com que a Sociedade não fosse mais um “clube de milagres”. As pessoas de coração indolente têm sempre pedido em todas as épocas por sinais e prodígios, e quando desvanece a garantia deles, recusam-se a acreditar. Estas pessoas não são aquelas que compreenderão a Teosofia pura e simples. Mas há outros entre nós que percebem intuitivamente que o reconhecimento da Teosofia pura – a filosofia da explicação racional das coisas, e não dogmas – é da mais vital importância na Sociedade, visto que apenas isto pode fornecer a luz de farol necessária para guiar a humanidade em sua verdadeira senda. Isto não deve ser nunca esquecido, ou deve ser o seguinte fato descuidado. No dia que a Teosofia tiver completado sua mais sagrada e mais importante missão – a saber, unir firmemente uma corporação de homens de todas as nações com amor fraternal, e com propensão a um trabalho puramente altruístico, não um labor com motivos egoístas – somente neste dia a Teosofia se tornará superior a qualquer fraternidade nominal de homens. Será algo verdadeiramente maravilhoso e um milagre, pela realização do qual a humanidade está esperando em vão nos últimos dezoito séculos, e que todas as associações tem até aqui falhado em atingir.
A ortodoxia na Teosofia é algo que nem é possível nem desejável. É a diversidade de opiniões, dentro de certos limites, que mantém a Sociedade Teosófica um corpo vivo e saudável, a despeito de suas muitas outras desagradáveis peculiaridades. Se não fosse também pela existência de uma grande quantidade de incerteza nas mentes dos estudantes de Teosofia, tais saudáveis divergências seriam impossíveis, e a Sociedade degeneraria numa seita, na qual um credo estreito e estereotipado tomaria lugar do espírito vivo e respirante da Verdade e do sempre crescente Conhecimento.
De acordo com o preparo das pessoas em recebe-los, poderão ser dados então novos ensinamentos teosóficos. Mas não será dado mais ao mundo, em seu presente nível de espiritualidade, do que ele possa aproveitar. Depende da difusão da Teosofia – a assimilação daquilo que já foi dado – o quanto mais poderá ser revelado, e quão prontamente.
Deve ser recordado que a Sociedade não foi fundada como um berçário para amadurecimento prematuro de um suprimento de ocultistas — como uma fábrica para manufatura de Adeptos. Ela foi planejada para deter a corrente do materialismo, e também a corrente do espiritismo fenomenalista e o culto aos mortos. Tem de guiar o despertar espiritual que se iniciou agora, e não alcovitar a sede de psiquismo que é apenas uma outra forma de materialismo. Pois por “materialismo” queremos dizer não apenas uma anti-filosófica negação do espírito puro, e, mais ainda, materialismo na conduta e ação – brutalidade, hipocrisia, e acima de tudo, egocentrismo, - mas também os frutos de uma descrença em tudo, menos nas coisas materiais, uma descrença que cresceu enormemente durante o último século, e que levou muitos, depois de uma negativa de toda existência diferente daquela na matéria, a uma cega crença na materialização do espírito.
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Os Teosofistas são necessariamente amigos de todos os movimentos no mundo, seja intelectual ou simplesmente prático, que trabalhem pelo aperfeiçoamento da condição da humanidade. Nós somos os amigos de todos aqueles que lutam contra o alcoolismo, contra a crueldade com animais, contra a injustiça com as mulheres, contra a corrupção na sociedade ou no governo, ainda que nós não nos envolvamos com política. Nós somos amigos daqueles que exercem caridade prática, que buscam aliviar um pouco o tremendo peso da miséria que esmaga o necessitado, mas em nossa qualidade de Teosofistas, não podemos nos engajar em nenhum desses grandes trabalhos em particular. Como indivíduos, nós podemos fazer isso, mas como Teosofistas nós temos um mais amplo, mais importante, e muito mais difícil trabalho para fazer... A função do Teosofista é abrir os corações e entendimento dos homens para a caridade, justiça e generosidade, atributos que pertencem especificamente ao reino humano e que são naturais ao homem quando ele tiver desenvolvido as qualidades de um ser humano. A Teosofia ensina o homem-animal a ser um homem-humano; e quando as pessoas tiverem aprendido a pensar e a sentir, como verdadeiros seres humanos devem sentir e pensar, elas agirão humanamente, e os trabalhos de caridade, justiça e generosidade serão feitos espontaneamente por todos.


A vida da alma, o lado psíquico da natureza, é acessível para muitos de vocês. A vida de altruísmo não é tanto um elevado ideal, mas um assunto prático. Naturalmente, então, a Teosofia encontra um lar em muitos corações e mentes, e faz soar uma ressonante harmonia tão logo tenha alcançado os ouvidos daqueles que estão prontos para ouvir. Assim, então, é parte de seu trabalho: erguer alto a tocha da Verdadeira Liberdade da Alma para que todos possam vê-la e se beneficiar de sua luz.
Por essa razão é que a Ética da Teosofia é ainda mais necessária para a humanidade do que os aspectos científicos dos fatos psíquicos da natureza do homem.
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Vamos, por um momento, dar uma olhada para trás ao solo que já transpomos. Tivemos, como já foi dito antes, de nos mantermos contra os Espíritas, em nome da Verdade e da Ciência Espiritual. Não contra os estudantes do verdadeiro conhecimento psíquico, nem contra os Espíritas esclarecidos; mas contra a ordem inferior de fenomenalistas – os cegos cultuadores dos ilusórios fantasmas dos mortos. Estes nós combatemos pela causa da Verdade, e também por aquelas pessoas do mundo que eles estavam desencaminhando. Eu repito mais uma vez: nenhuma “luta” foi alguma vez movida contra os verdadeiros estudantes das ciências psíquicas. O professor Cues fez muito no ano passado para fazer clara a nossa verdadeira posição, em seu discurso para a Sociedade Ocidental para Pesquisas Psíquicas. Ele colocou em linguagem clara a real importância de estudos psíquicos, e também fez um trabalho excelente ao colocar ênfase acerca das dificuldades, dos perigos, e acima de tudo, das responsabilidades de suas investigações. Não apenas existe uma similaridade, como ele mostrou, entre estas investigações e a manufatura de perigosos explosivos – especialmente em mãos inábeis – mas os experimentos, como o Professor verdadeiramente disse, são conduzidos com e por uma alma humana. A menos que seja preparada cuidadosamente por um longo e especial curso de estudo, o experimentalista coloca em risco não apenas a alma do médium, mas a sua própria. Os experimentos feitos com Hipnotismo e Mesmerismo atualmente são experimentos de inconsciente, quando não consciente, Magia Negra. A estrada é ampla e extensa, que leva a tal destruição; e é muito fácil encontrar; e portanto muitos vão ignorantemente ao longo dela para sua própria destruição. Mas a cura prática para isto se assenta em uma única coisa. É o curso de estudo ao qual eu mencionei anteriormente. Isso soa muito simples, mas é supremamente difícil; pois esta cura é o “ALTRUÍSMO”. E essa é a nota chave da Teosofia e a cura para todas as doenças; isto é o que os reais Fundadores da Sociedade Teosófica promoveram como seu primeiro objetivo – FRATERNIDADE UNIVERSAL.
Assim, mesmo se for apenas nominalmente um corpo de Altruístas, a Sociedade Teosófica tem de combater todos aqueles que sob o seu abrigo buscam obter poderes mágicos para usar em seus próprios fins egoístas e para o malefício de outros. Muitos são aqueles que se juntaram a nossa Sociedade sem outro propósito que a curiosidade. Eles buscavam fenômenos psicológicos, e não tinham desejo de mudar um jota de seus próprios prazeres e hábitos para obtê-los. Estes foram embora muito rapidamente de mãos vazias. A Sociedade Teosófica nunca foi e nunca será uma escola de promíscuos ritos Teúrgicos. Mas existem dúzias de pequenas Sociedades ocultas que falam muito verbosamente de Magia, Ocultismo, Rosacruzes, Adeptos, etc. Estes professam muito, até mesmo que dão a chave para o Universo, mas terminam guiando as pessoas para uma parede em branco em vez das “Portas dos Mistérios”. Estes são alguns de nossos mais insidiosos inimigos. Sob o pretexto da filosofia da Religião-Sabedoria, manobram para organizar um jargão místico que naquele momento seja efetivo e que habilita a eles, com a ajuda de muito pouca quantidade de clarividência, tosquiar os misticamente inclinados mas ignorantes aspirantes ao oculto, e leva-os como carneiros em quase qualquer direção. Testemunham a agora notória H. B. de L., e a agora famosa G. N. K. R.. Mas infeliz daqueles que tentam converter uma nobre filosofia num antro de repugnante imoralidade, avidez por poder pessoal, e aquisição de dinheiro sob o abrigo da Sociedade Teosófica. O Karma os alcança quando menos esperam. Mas é possível, para a nossa Sociedade ser solidária e permanecer respeitável, a menos que seus membros estejam preparados, pelo menos no futuro, para manter-se como um único homem, e lidar com tais difamações sobre si mesmos como Teosofistas, e com tais vis caricaturas de seus mais altos ideais, como estes dois impostores fizeram?
Mas a fim de que possamos efetuar esse trabalho em prol de nossa causa comum, devemos destruir todas as diferenças privadas. Muitos são os enérgicos trabalhadores que desejam trabalhar e trabalhar duro. Mas o preço da ajuda deles é que todo o trabalho deva ser feito de seu próprio jeito e não do jeito de qualquer outra pessoa. E se isso não é executado, mergulham em apatia ou deixam completamente a Sociedade, declarando altissonantemente que eles são os únicos verdadeiros Teosofistas. Ou, se permanecem, empenham-se em exaltar seu próprio método de trabalho à custa de todos os outros devotados trabalhadores. Isso é fato, mas não é Teosofia. Não haverá outro fim para isso do que o crescimento da Sociedade se tornar em breve fracionado em várias seitas, tantas quantas são estes líderes, e tão desesperançosamente pretensiosas quanto as 350 diferentes seitas Cristãs que existem apenas na Inglaterra no momento presente. É esta a situação que buscamos para a Sociedade Teosófica? Esta “Separatividade” está de acordo com o harmonioso Altruísmo da Fraternidade Universal? É esse o ensinamento de nossos nobres MESTRES? Irmãos e Irmãs da América, está em suas mãos decidir se isso será realizado ou não. Vocês trabalham e trabalham duramente. Mas para trabalhar apropriadamente em nossa Grande Causa é necessário esquecer todas as diferenças pessoais de opinião de como o trabalho deve ser conduzido. Deixem que cada um de nós trabalhem de sua própria maneira e não nos empenhemos em forçar nossas idéias de trabalho sobre nossos vizinhos. Lembrem-se de como o Iniciado Paulo advertiu os seus correspondentes contra a atitude de sectarismo que eles tiveram na nascente Igreja Cristã: - “Eu sou de Paulo, eu de Apolo”, e vamos nos beneficiar da advertência. A Teosofia é essencialmente não sectária, e trabalhar por isso modela a entrada para a Vida Interna. Mas ninguém pode entrar lá, salvo o próprio homem no mais alto e verdadeiro espírito de Fraternidade, e qualquer outra tentativa de entrar será ou fútil ou ele permanecerá maldito no umbral.

O que acontecerá no próximo ano? E primeiramente uma palavra de aviso. Como a preparação para o novo ciclo prossegue, e como os precursores da nova sub-raça estão aparecendo no continente Americano, os poderes latentes ocultos e psíquicos do homem estão começando a germinar e florescer. Daí o rápido crescimento de tais movimentos como a Ciência Cristã, Cura Mental, Cura Metafísica, Cura Espiritual, e daí por diante. Todos estes movimentos representam apenas diferentes fases do exercício desses poderes crescentes, - até agora não entendidos e como conseqüência, com muita freqüência ignorantemente mal empregados. Entendam de uma vez por todas que não há nada de “espiritual” ou “divino” em qualquer destas manifestações. As curas efetuadas por elas são devidas simplesmente ao inconsciente exercício de poder oculto nos planos inferiores da natureza – usualmente de prana ou correntes de vida. As teorias conflitantes de todas estas escolas são baseadas no equivocado entendimento e do equivocado emprego da metafísica, em geral com grotescamente absurdas falácias lógicas. Mas as únicas características comum a maioria delas, uma característica que apresenta o maior perigo num futuro próximo é a seguinte. Em quase todos os casos o teor dos ensinamentos destas escolas é tal que conduz as pessoas a considerar o processo de cura como sendo aplicado a mente do paciente. Aqui está o perigo, pois qualquer processo como esses – ainda que astuciosamente disfarçado em palavras e escondido por falsa bazófia – é simplesmente “psicologizar” o paciente. Em outras palavras, quando quer que aquele que cura interfere, consciente ou inconscientemente, com a ação mental livre da pessoa que ele trata, é Magia Negra. De fato, estas assim chamadas ciências de “Cura” estão sendo usadas para ganhar a subsistência. Logo, alguma pessoa perspicaz irá descobrir que pelo mesmo processo as mentes de outros podem ser influenciadas em muitas direções, e o motivo egoísta de ganho pessoal e aquisição de dinheiro tendo sido uma vez permitido penetrar, o que antes era “curador” pode ser insensivelmente levado a usar o seu poder para adquirir riquezas ou algum outro objeto de seu desejo.
Esse é um dos perigos do novo ciclo, enormemente agravado pela pressão da competição e pela luta pela existência. Felizmente novas tendências estão também surgindo, trabalhando para mudar a base das vidas diárias dos homens do egoísmo para o altruísmo. O movimento Nacionalista é uma aplicação da Teosofia. Mas lembrem, todos vocês, que se o Nacionalismo é uma aplicação da Teosofia, é a última que deve permanecer sempre no primeiro plano em sua visão. A Teosofia é de fato a vida, o espirito que habita internamente, que faz de toda verdadeira reforma uma realidade vital, pois a Teosofia é Fraternidade Universal, a própria fundação tanto como a chave de todos os movimentos em direção a melhoria de nossa condição.
O que eu disse no ano passado permanece verdadeiro hoje, ou seja, que a Ética da Teosofia é mais importante do que qualquer divulgação de leis e fatos psíquicos. Estes últimos são inteiramente relativos a parte material e evanescente do homem setenário, mas a Ética mergulha e adere ao verdadeiro homem – o Ego reencarnante. Somos criaturas exteriorizadas apenas por um dia; internamente somos eternos. Aprendam bem, então, as doutrinas do karma e reencarnação, e ensinem, pratiquem e promovam aquele sistema de vida e pensamento que somente ele pode salvar as raças vindouras. Não trabalhem meramente para a Sociedade Teosófica, mas através dela para a Humanidade.


Permitam-me lembrar uma vez mais, que o referido trabalho é agora mais necessário do que nunca. O período que alcançamos é, e continuará sendo, uma era de grandes lutas e de esforços contínuos. Se a S. T. puder manter-se firme, tanto melhor; se não, ainda que a Teosofia se mantenha incólume, a Sociedade perecerá e talvez de maneira não muito gloriosa, e o Mundo sofrerá. Tenho a ardorosa esperança de que eu não chegue a contemplar tal desastre em minha presente encarnação. A natureza crítica do estágio que entramos é tão conhecida das forças que lutam contra nós, como das que lutam a nosso favor. Não será perdida oportunidade de semear discórdia, de aproveitarem-se de movimentos em falso e enganosos, de instigar a dúvida, de aumentar as dificuldades, de ativar suspeitas, de modo que por qualquer um e por todos os meios, possam chegar a romper a unidade da Sociedade Teosófica, dizimando ou dispersando as fileiras de nossos Companheiros. Nunca, como no momento presente, será maior a necessidade de que têm os membros da Sociedade Teosófica, de lembrar e gravar em seus corações a velha parábola do feixe da lenha; divididas, as varas poderão ser inevitavelmente quebradas uma a uma; porém se unidas, não haverá força na terra capaz de destruir a nossa Fraternidade. Mas tenho notado com grande pesar certa tendência que existe entre vocês, bem como entre os Teósofos da Europa e Índia, para desavenças sobre ninharias e a permitir que vossa própria devoção para com a causa Teosófica vos conduza a desunião. Creiam-me, que além desta tendência natural, devido às inerentes imperfeições da Natureza humana, nossos sempre vigilantes inimigos de suas mais nobres qualidades, tentam tirar vantagem para trair e iludir vocês. As pessoas cépticas rir-se-ão destas declarações, e talvez existam muitos dentre vocês que tenham pouca fé na existência real das terríveis forças desse mental, portanto subjetivas e invisíveis, e que entretanto são ao mesmo tempo influências vivas e potentes em torno de todos nós. Mas elas estão aí, e eu conheço mais de uma pessoa entre vocês que as têm sentido, e foram de fato forçadas a reconhecer estas pressões mentais externas. Sobre aqueles dentre vós que sejam inegoístas e sinceramente devotados à Causa, eles produzirão pouca ou nenhuma impressão. Em alguns outros, aqueles que sobreponham o orgulho pessoal ao dever para com a S. T., mais alto mesmo que a promessa ao seu Divino Si-mesmo, para eles o efeito será de uma maneira geral desastroso. Em conseqüência, nunca é tão necessária a própria vigilância, do que quando sentimos um desejo pessoal de mando, e quando a vaidade é ferida, se veste com as plumas do pavão real da devoção e do trabalho altruísta. Na presente crise da Sociedade qualquer falta de domínio próprio e de vigilância, talvez se torne fatal em cada caso. Porém, estas tentativas diabólicas de nossos poderosos inimigos - os irreconciliáveis adversários das verdades que estão sendo divulgadas agora e sustentadas na prática - podem ser frustradas. Se todos os Membros na Sociedade se contentarem em ser uma força impessoal para o bem, indiferente a elogio ou censura que possam receber, enquanto estiverem a serviço dos propósitos da Fraternidade, o progresso obtido assombrará o Mundo, e colocará a Arca da S. T. fora de perigo. Tenham como lema de conduta futura no próximo ano, “Paz com todos os que amem sinceramente a Verdade”, e a Convenção de 1892 apresentará o eloqüente testemunho da força que nasce da unidade.
Sua situação de precursores da sexta sub-raça da quinta raça raiz, tem seus riscos peculiares, assim como também suas vantagens especiais. O Psiquismo, com todas as suas seduções e perigos, está necessariamente se desenvolvendo entre vocês, e vocês devem ter cuidado a fim de que o desenvolvimento Psíquico não exceda o desenvolvimento Manásico e o Espiritual. As capacidades psíquicas mantidas perfeitamente sob controle, checadas e direcionadas pelo princípio Manásico, são valiosos auxiliares no desenvolvimento. Porém, quando estas faculdades se encontram tumultuadas, dominando em vez de serem dominadas, utilizando em vez de serem utilizadas, conduzem o Estudante aos mais perigosos enganos e a certeza da destruição moral. Vigiai, pois, atentamente este desenvolvimento, inevitável em sua Raça e ao Período Evolutivo, para que eles possam trabalhar para o bem e não para o mal; e assim recebam, antecipadamente, as sinceras e poderosas bençãos daqueles cuja benevolência nunca falhará a vocês, se vocês próprios não falharem.
Sou grata de poder relatar a vocês que aqui na Inglaterra tem sido feito consistente e rápido progresso. Annie Besant dará a vocês os detalhes de nosso trabalho, e contará da crescente força e influência de nossa Sociedade; os relatórios que ela leva das Seções Européias e Britânicas falam por si mesmos nos registros de suas atividades. O caráter Inglês, difícil de ser alcançado, mas sólido e tenaz uma vez que tenha sido despertado, adiciona à nossa Sociedade um fator valioso, e estão sendo colocados com sucesso na Inglaterra fortes e firmes fundações para a S. T. do século vinte. Aqui, assim como aí, estão sendo feitas tentativas com sucesso de trazer à luz a influência do pensamento Hindu ao Inglês, e muitos dos nossos irmãos Hindus estão agora escrevendo para Lúcifer textos curtos e claros sobre filosofias Indiana. Como é uma das tarefas da S. T. aproximar o Oriente e o Ocidente, de forma que cada um possa suprir as qualidades que faltam no outro e desenvolver sentimentos mais fraternais entre nações tão diferentes, espero que essa comunicação literária prove o extremo valor de Arianizar o pensamento Ocidental.
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Finalmente, todos os desejos e pensamentos que eu possa expressar estão resumidos nesta única sentença, o nunca adormecido desejo de meu coração: "Sede Teósofos e Trabalhai pela Teosofia!". Primeiramente a Teosofia, e a Teosofia por último, pois apenas a sua realização prática seria capaz de salvar o mundo Ocidental desse sentimento egoísta e pouco fraterno que divide atualmente raça de raça, uma nação da outra; e também acabar com esse ódio de classe e distinções sociais que são a maldição e desgraça dos assim chamados povos Cristãos. Apenas a Teosofia poderá salvá-los de cair completamente no mero materialismo voluptuoso que há de degenerá-los e corrompê-los, conforme já ocorreu com outras civilizações. Em suas mãos deixo confiada, meus irmãos, a prosperidade do século vindouro; e assim como é grande a missão confiada, muito grande, será também a responsabilidade. A duração da minha própria vida não deve ser longa, e se qualquer um de vocês tiver aprendido algo de meus ensinamentos, ou com meu auxilio tiver ganho um vislumbre da Verdadeira Luz, eu peço, em restituição, que fortaleça a Causa com cujo triunfo a Verdadeira Luz, tornada mais resplandecente e mais gloriosa por meio de seus esforços individuais e coletivos, iluminará o mundo, e deste modo possa eu ver, antes de partir deste corpo gasto, assegurada a estabilidade da Sociedade.

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